Resenha “Depois daquela viagem”

Valéria Piassa Polizzi é a autora e também personagem dessa fascinante história.

É uma autobiografia (melhor chamado de diário de bordo), que conta a história de uma adolescente que contraiu HIV na sua primeira relação sexual e teve que aprender a conviver com o vírus.

A princípio ela esconde essa realidade dos seus amigos e recusa o tratamento, mas, aos poucos, com a idade que vai adquirindo – vejam bem, ela é uma adolescente, estava com os hormônios a flor da pele e recebe o diagnóstico na década de 80, o que, se hoje já é difícil, mesmo com todos os tratamentos, naquela época era ainda mais mal visto pela sociedade e amedrontador para o paciente – acaba conhecendo a vontade de viver.

A história é encantadora, conta com aspectos que quase todos gostariam de fazer como, viajar e estudar nos EUA, conhecer pessoas de diversos países, nunca esquecer os velhos amigos de escola que, quando descobrem sobre a doença, permanecem sempre ao lado dela… Vale ressaltar ainda que o livro faz um acompanhamento dela e dos amigos e podemos ver a maturação ao passar dos anos.

ALERTA DE SPOILER: Os amigos só descobrem sobre o HIV durante uma crise de pneumonia (ou tuberculose, desculpem, li o livro aos 11 anos, mas ele não saiu da minha estante) que é agravada pela doença e somado a vários outros fatores, quando ela está de volta ao Brasil e são estes amigos que dão força pra que ela escreva o livro. (#Por mais amigos assim <3)

Valéria hoje tem cerca de 48 anos e está pleníssima dando palestras e escrevendo diversos outros livros… O livro é de 1997, mas tem dilemas mais que atuais.

Recomendo!!

Bjinhos, Ana :-*

Resenha Carrie – Stephen King

Carrie, a estranha || Stephen King || 200 págs
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📖O livro narra a atormentada adolescência de uma jovem problemática, perseguida pelos colegas, professores e impedida pela mãe de levar a vida como as garotas de sua idade. Só que Carrie guarda um segredo: quando ela está por perto, objetos voam, portas são trancadas ao sabor do nada, velas se apagam e voltam a iluminar, misteriosamente.📖
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📖Com tantos ingredientes de suspense, Carrie, a Estranha”” logo se transformou num enorme sucesso internacional. Ao ser transportado para as telas, em 1976, pelas mãos de Brian de Palma, teve a atriz Sissy Spacek e John Travolta em seus papéis principais📖
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📖Diferente do filme, o livro trás relatos de pessoas sobre os acontecimentos daquela noite. E a opinião de especialistas sobre telecinese.📖
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📖Carrie jamais mexeu com alguém, só queria ser aceita. Mas as garotas achavam suas tentativas de se aproximar motivo para piadas de mal gosto. O que, com o tempo foi fazendo com que Carrie que já não era muito social, ficasse cada vez mais fechada no seu “mundo” com sua mãe, uma fanática religiosa, que acreditava que Carrie era um câncer, fruto do diabo. E que quase a matou no momento de seu nascimento.📖
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📖Stephen king mostra cada detalhe do que realmente aconteceu naquela fatídica noite e os fatores que desencadearam cada uma das tragédias que se seguiram. Foi posto em cheque cada um dos personagens e seus atos. Uma leitura extraordinária! Um suspense junto com mistérios relacionados à origem dos poderes poderes de Carrie.📖
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📌Ela não era um monstro. Era só uma garota.📌
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Eu consegui ler em um dia! Quem já leu ou tem vontade de ler! Deixa seu comentário!

Em cada esquina uma História

Viramos na Serzedello Corrêa e notei que o trânsito irritava meu marido, as plaquinhas eram pequenas demais e o fluxo dos carros muito louco, carros cortando pela direita ora pela esquerda. Tinha-se que dirigir por si e pelo próximo, considerando que o próximo poderia ser uma bicicleta, uma moto ou pedestre…

Não restavam dúvidas que um bom assunto distrairia nossas mentes daquele furdunço. Falar das ruas como acessos e movimentação urbana é procurar afirmar a condição psicológica de masoquista. Na minha Belém, é quase que a mesma coisa que falar do seu torturador. Mas encontrei uma forma de tratar a rua como um amigo, e me dei conta do quanto às ruas de Belém representam o que somos como povo.

E por uma única rua, percebi o quanto de formação histórica e social nosso povo tem, e agora… imagine isso num mapa da cidade! Por isso Serzedello Corrêa foi a rua que deu início a vontade de percorrer minha cidade com zelo e carinho, percebendo que em cada esquina havia uma história:

“Sabia que Serzedello Corrêa foi quem instituiu o Tribunal de Contas da União no Brasil? Isso mesmo, esse TCU que sai todo dia no noticiário da TV.

Serzedello Corrêa foi paraense, nasceu em Belém em 1858. Foi Ministro da Fazenda em 1892, na presidência de Floriano Peixoto. E, dizem que renunciou o cargo por não concordar com as certas interferências da independência da corte de contas.

Não percebemos as histórias se encontrando quando olhamos somente para um fato isolado, mas Serzedello Corrêa foi contemporâneo de vários fatos do mundo! Sabia que com 30 anos, Serzedello Corrêa viu a promulgação da Lei Áurea. Já aos 40 anos, ele viveu num Brasil onde o Vidal Brasil anunciou em 1898 a criação do soro contra mordida de cobra!

Por essa época também, caso Serzedello Corrêa fosse algum tipo de folião, ele possivelmente pulou carnaval com o famoso “Ó Abre Alas” da Chiquinha Gonzaga, marchinha que até hoje ouvimos no carnaval! E no último ano do século XIX (1899), Machado de Assis publicou Dom Casmurro, muitos leram para fazer prova de vestibular. Provavelmente Serzedello Corrêa leu sobre o romance de Bentinho e Capitu.

Serzedello Corrêa

Ele foi um homem brilhante em seu tempo, e eu acredito que até hoje é exemplo. No livro Vultos Notáveis do Pará Serzedello aparece como um político que participou da história do Brasil ativamente.

A história sobre a República tem nomes de peso que ouvimos muito por toda Belém, e provavelmente pelo Brasil inteiro, que batizam nossas ruas, Benjamim Constant, Rui Barbosa, Quintino Bocaiúva, Generalíssimo Deodoro são exemplos; personalidades que fizeram a história acontecer juntamente com Serzedello Corrêa.

O legal é percebermos as demais histórias que nossas ruas nos contam, por exemplo, pelos cruzamentos da Serzedello Correa podemos encontrar as histórias dos povos indígenas brasileiros como os Mundurucus, os Pariquis e os Caripunas, nome de outras ruas organizadas em grupos.

A Avenida Serzedello Correa possui outras grands histórias à parte da personalidade do político paraense, possui, por exemplo, o Cemitério mais antigo de Belém o Soledade, construído em 1850 na época que febre amarela, cólera e varíola dizimaram muito da população da cidade, o cemitério foi desativado em 1880, a rua há muito tempo atrás, era conhecida como Rua do Cemitério. A melhor parte da Avenida Serzedello é sem dúvida a Praça Batista Campos, lugar que faz parte do imaginário e do coração de todo belenense. O Cônego Batista Campos tem também sua história, uma rica e longa jornada de ideais que marcou o destino do que é hoje nossa cidade e nosso estado, e é outro capítulo das nossas esquinas.”

Úrsula – Maria Firmina dos Reis

Romantismo brasileiro. Quem Nunca leu? No colégio ou no vestibular, com certeza. Mas de coração e alma abertos para o mergulho no século XIX você é capaz de escolher um clássico brasileiro?… Bem, assim é difícil, você pode dizer. Mas garanto que Úrsula é uma escolha incrível.

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A estante do vovô

Todo início de relação tem sua fase de encantamento. Minha relação com os livros surgiu do encantamento por uma estante. A estante do vovô.

A estante do meu avô paterno era pequena, tinha no máximo umas quatro prateleiras, era de uma madeira escura e vivia fechada, mas toda vez que íamos visitá-lo, fatalmente entre uma troca e outra de idéias entre meu avô e meu pai, a estante se abria.

Abri-la era como estar diante de um Portal, um mundo diverso do meu, tudo nele me encantava: o cheiro dos livros, o barulho do trilho da porta, o mexer dos livros, a textura das capas, a estante e seus livros eram hipinóticos.

Estava consumado nosso compromisso, um pacto de paixão e cumplicidade: Eu e a estante de livros do meu avô. E cresci embalada pelas histórias que ele contava, pelos debates políticos entre meus tios e ouvia atenta as lendas amazônicas que daqueles livros guardados saiam toda vez que a luz faltava. Foi desse modo, simples e ruidoso, que minha paixão pelos livros começou.

Essas memórias estão sempre vivas, porque devo deixar também vivo meu avô, sua essência e sabedoria, tudo nessas lembranças fez de mim a leitora que sou hoje; e se depender de mim não há de se perder uma única linha que salta das estantes. Porque dessa vida só deixamos lembranças e levamos nossas experiências.

E dessa forma, entre estantes e livros caminho para liberdade, e desejo ao fim da vida poder deixar um o legado: Leitores e Encantados por livros. Pois a maior lição que a estante do meu avô me deixou foi perceber que ler liberta! Liberte-se.

Clube do Gueto