Romantismo brasileiro. Quem Nunca leu? No colégio ou no vestibular, com certeza. Mas de coração e alma abertos para o mergulho no século XIX você é capaz de escolher um clássico brasileiro?… Bem, assim é difícil, você pode dizer. Mas garanto que Úrsula é uma escolha incrível.
Olhei inicialmentecomo um desafio justamente pelo estilo tão diferente da fluidez contemporânea.
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Mas sabia que ao abrir esta história o texto de Maria Firmina dos Reis seria brilhante, mesmo com todas as descrições exageradas, os sentimentos instantâneos, a donzela virginal, e todos os personagens, que a princípio, parecem caricatos.
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Posso dizer que o ponto mais profundo do meu mergulho foi perceber que Maria Firmina dá aquela “sambada na cara” da sociedade brasileira da metade do séc. XIX, dando aos personagens negros a voz necessária para denunciar as mazelas da escravidão, sem para isso diminuir o romantismo literário.
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Os inúmeros contrapontos que encontramos são também incríveis, a descrição da posição da mulher naquela sociedade altamente patriarcal, o sentido da liberdade e a desumanização causada com o processo da escravidão dão a obra valor inigualável.
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Ponto também muito discutido é a própria biografia da Maria Firmina. Mulher, negra, autodidata, a frente de seu tempo, lutou muito contra os preconceitos e conceitos terminativos de sua época, dando a História de hoje razões para continuarmos a lutar pela liberdade, pela igualdade e pela educação.
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Um livro em que ensina do início ao fim. Gratidão por essa nordestina, brasileira, heroína de nossa literatura.
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Gratidão também ao grupo Leia Mulheres Belém pela iniciativa e perseverança em manter viva a memória das nossas escritoras. Só amor pelas mediadoras do grupo ❤ que nos conecta e, por esse movimento, transformam!
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Dica de um livro que traz a história da Maria Firmina dos Reis em forma de cordel: “Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordeis”, de Jarid Arraes, editora Pólen. ❤📚
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Matheus, Úrsula traz assuntos importantes que Maria Firmina usou de muita maestria para descrever, como a situação da mulher, a crítica ao patriarcado, e sem dúvida a condição dos escravos e a percepção da liberdade.