E se existisse

E se existisse um lugar?

Algum lugar onde você pudesse voar

Algum lugar onde você pudesse sonhar

Você iria visitar?

E se existisse uma pessoa?

Alguma pessoa que te fizesse gostar

Alguma pessoa que te fizesse amar

Você iria se entregar?

E se existisse um sentimento?

Algum misero sentimento no seu coração

Algum sentimento ali perdido no vão

Será que o deixaria então?

E se existisse um paraíso?

Algum lugar?

Um sorriso?

Um abraço?

Paz?

E se existisse?

Como você agiria?

Autora: Lany

Encontro, de L. A. Freire

Andava pelas sombrias e escuras
A névoa e o frio congelando, as ruas
Com uma garrafa de tinto tateando ia
Na solidão, para casa entre as sombras seguia
 
Cansado, os becos parecendo intermináveis
Becos sujos, minha mente em alucinações inimagináveis
Da escuridão uma voz rouca se fez ouvir
“Giordano, porque estás tão tarde a vir?”
Era um velho mendigo, todo sujo ao relento
Ao ver-me levantou-se querendo atento
“Procurei-te por horas, meu caro amigo
Sentei-me aqui a esperar falar contigo
O mendigo, já não o era, mas galante
Com roupas bem feitas e um falar interessante
Andamos por ruas, para mim tão estranhas
Que nada reconhecia, nem as margens vizinhas
O homem cortês guiava-me lento
Perguntava d’minha vida, se passava tormento
Se era feliz, se acaso tinha um’amada
E o que pensava dos bailes, das festas, do nada
“Giordano sou, tu sabes bem,
Tinha uma bela esposa que a Morte hoje tem
Desde lá não vivo senão a sofrer, meu caro
E ir à bailes e festas é meu ato mais raro
A caminhada parecia não terminar
Meus ossos doíam pelo frio e pelo andar
Até pararmos defronte dum lugar funesto
Onde querendo ir eu à casa, não fazia um gesto
E foi lá, sim, quando a Lua brilhou mais
E seu brilho fez surgir um temor e terror fatais
O tal homem, com sombra aluada a mim chegava
Com um breve e horrendo riso a mim desprezava
E aquela sombra em mim tocou, temi
Dela não pude livrar-me, moribundo caí
Meu corpo jamais dali se levantou, não mais
E o silêncio na viela, decretou a paz
Ao lembrar o antigo verso: Nunca mais.
L. A. Freire

Frete: O Obstáculo Para Muitos Leitores

Olá pessoal, tudo bem? Estou aqui para um desabafo. Sou uma ávida leitora. Apaixonada pelo ato de ler porém, também viciada na arte de comprar e escolher livros. Sou o tipo de pessoa que passa horas nos aplicativos e sites de livrarias e sebos descobrindo novas leituras procurando sempre pelos melhores preços por aqueles livros que almejo tanto.

Continue lendo “Frete: O Obstáculo Para Muitos Leitores”

Meu sonho bom

Meu bem querer

Ainda lembro do primeiro abraço

Do sorriso travesso que você me dava

Daquele olhar penetrante

Você me envolvia de um jeito

Ah, é impossível não lembrar

Do seu cheiro

Do seu beijo

DO tempo que se passou

Foi cada um para um lado

Você está ai feliz

E acredite eu fico feliz por isso

Mas sinto sua falta

Falta do seu toque

Falta dos nossos momentos

Ainda guardo cada lembrança na mente

Sim, vou deixar elas aqui comigo

Nem que para sempre continue sendo apenas

A continuação de um sonho bom.

 

Autora: Lany

Por fim

O silencio expulsou a pureza de casa

Ameaça de tristeza instalada

Crianças chorando em suas fases

                                                                                              Fazem os adultos terem vantagem

Os espelhos examinam as cortesãs

Sorrisos doces de assustadas felinas

Tudo sempre nessa rotina

Tão igual que sempre varia

Aprendendo com terrores

Conheceu todos os sabores

Sempre por si

Tem histórias pra distribuir

Fala de vida, de cores

Bichos, morte e amores

Pecou na capital

Quis fugir para o quintal [que não tinha!]

Sim ela sabe mentir

Sensações, palavras e afins

Para que suas verdades pudesse omitir

Chorou só, vive só, amará só

Só assim a paz se instala

E pelo perigo ela possa passar.

 Ana Karolina de Melo Paiva

Sorri menina

Sorri menina

Que seu sorriso seja dos lábios aos olhos

Que ele reflita uma paz interior

Você merece ser feliz

Hoje mais do que nunca

Ah menina

Se alguém te magoou

Não sabia seu valor

Não sabia o quanto alguém daria pra te vê sorrir

Para ficar com aquele sorriso bobo

Te vendo ali no seu jeitinho distraído

E essas covinhas no sorriso

Menina você é sensacional

Não importa que te digam ao contrário

Apenas seja feliz

Contagie o seu redor

Menina

Sou felicidade transborda

Assim como sua dor

Se teu jardim te vê triste

Todo ele irá murchar

Então seja leve

E leve sua leveza onde for

Não se preocupe tanto

Você não precisa carregar o mundo contigo.

Autora: Lany

Entre o amor e o desejo

 

O amor

Ah o amor

O que dizer dele ?!

E o desejo ?

Nossa o desejo.

Pense em algo que almeja muito, pois bem

Isso é desejo

Mais tudo vai do tanto o deseja ou do que deseja

Qual seria a diferença entre o amor e o desejo ?

Algo bem simples, mais que só sabe que os viveu ou vive

Sabe porquê ?

Porque não tem nada melhor que a combinação dos dois

Quando unidos na dose certa

Não existe diferença

Mais sim um amor  que atende aos desejos um do outro

E como ?

Isso não importa!

Sabe porquê?

Porque só sabe o sentido e a emoção que é os dois, quando se vivência

Então…

Entre o amor e o desejo, fica o sentimento de felicidade que os uni…

 

 Redy

Essa é mais uma

Essa é só mais uma de amor

De alguém que não conheceu a dor

De quem não sabe o sabor

De quem ainda não sentiu o cheiro de uma flor

Essa é só mais uma sobre saber amar

Sobre saber se dar

Sobre conseguir perdoar

Sobre não ter medo de chorar

Essa é só mais uma saída

Apenas mais uma ida

Uma despedida

Uma mera lágrima caída

Essa é mais uma de sonho

Para fugir de seus demônios

Viver um mundo risonho

Ah sim, sem sorrisos tristonhos.

 

Autora: Lany

Kindred: Laços de Sangue – Octavia Butler

Ao terminar Kindred – Laços de Sangue, livro de Octavia E. Butler, respirei fundo e pensei no que tinha lido e chorei muito. Foi uma leitura arrastada, enjoei várias vezes, pensei em abandonar o livro, e confesso que esperava mais de uma ficção científica que se mistura com a história da escravidão americana.

Ao mesmo tempo que isso passava pela minha cabeça, não deixava de pensar em dois outros livros que li esse ano, “Eu, Tituba, Feticeira – Negra de Salém” e “Baratas”, ambas leituras incríveis. Tituba tem mais a ver com o assunto abordado em Kindred, a escravidão e toda a dolorosa vida que os escravos americanos passaram. Já em Baratas o assunto foi a intolerância entre etnias na África que culminou com o genocídio dos Tutsis.

E os três livros se encontram: Falam em sua essência de histórias tristes e violências sofridas por pessoas negras. Em Tituba, assim como em Kindred, a violência era direta. O homem branco subjugando o homem negro, impondo à natureza humana uma classe diferente inexistente (como se não fossemos todos iguais). Em Baratas, a ação do homem branco era indireta, belgas e alemães insuflavam a discórdia entre as tribos, usaram as diferenças tribais para controlar a região.

Parece fácil dizer que o homem branco é um monstro diante das evidências, parece igualmente fácil dizer que hoje estamos num processo diferente de desenvolvimento e luta por direitos… Só que não estamos… E tudo só parece!

Enquanto houver ser humano que acredite que a cor da pele é motivo suficiente para manter ou não o poder uns sobre os outros, haveremos de nos manter em luta constante para conseguirmos garantir aos negros o direito humano mais sublime de todos: o direito a vida!

Continuo acreditando que podemos todos viver de forma harmônica com respeito e tolerância. Continuo acreditando que um dia teremos Governos para um povo diverso, cheio de diferentes cores, credos, gêneros e idades e que todxs possam ser verdadeiramente felizes.

Esses três livros falaram sobre sofrimentos, mas também nos ensinam sobre fraternidade, tolerância e respeito.

Texto originalmente publicado no Instagram da usuária (@heloisanazi).

Olhos D’água – Conceição Evaristo (Resenha)

Sinopse: “Em “Olhos d’água” Conceição Evaristo ajusta o foco de seu interesse na população afro-brasileira abordando, sem meias palavras, a pobreza e a violência urbana que a acometem.”

 

Intenso!

Histórias repletas de intensidade e realidades por vezes dolorosas. 15 contos que te prendem e te tocam na alma, 15 contos que relatam histórias de Amor, Violência, Racismo, Esperança…
É um livro curto, mas muuito intenso, com algumas histórias bem difíceis de ser digeridas.
Conhecer Conceição Evaristo foi uma grande descoberta! Já estou apaixonada pela escrita da autora.

Recomendo muito a quem ainda não conhece essa e outras obras de Conceição Evaristo.

Nota: 10/10

Bruna Menegildo.

 

Banho de Cheiro

Eneida de Moraes é meu rio. Nela mergulhei, e dela resurgi outra mulher.⁣

Em Banho de Cheiro, seu livro memorialista, Eneida nos conta suas memórias alegres e tristes tendo como cenário a Belém de sua infância, de sua juventude e vida madura.⁣

Da infância feliz e protegida pelo dinheiro do pai numa Belém do final do ciclo da borracha, Eneida nos conta de suas brincadeiras, da ida ao colégio e da marcante relação com a mãe.⁣

Aos poucos ela vai, por meio de sua escrita quase lírica, mostrando como amadureceu, como seus pensamentos não estavam naquele tempo. Eneida era a frente de seu tempo. Suas memórias tem algo que lembra as fábulas, pois sempre terminam com uma moral.⁣

Banho de Cheiro remete ao pensamento de pertencer a um lugar, a ter raízes e ter uma cultura que traz sua identidade. Fala de suas memórias, mas podia ser de qualquer um, parece uma lembrança antiga do leitor.⁣

Eneida é puro encantamento,⁣
Ternura e sentimentos.⁣
Colo de mãe.⁣
Ela é a voz de uma e de muitas,⁣
Mulheres puras e perdidas.⁣
Eneida é Belém do Pará,⁣
Parte do Rio e de todo Brasil.⁣
Eneida é alegria e resistência.⁣
Subversiva.⁣
Sobreversos⁣
É reverso.⁣
Eneida foi uma princesa,⁣
Sem príncipe, ⁣
Sem sapos, ⁣
Sem dragões.⁣
Uma mulher demais⁣
Foi Eneida de Moraes.⁣

*Texto produzido após o encontro do mês de agosto do Clube de Leitura Leia Mulheres Belém.

 

Perceber o Meu Eu

Meu corpo

Meu ser

O meu perceber

 

Menina

Mulher

Morena

Mulata

Cor de chocolate

 

Como me vejo 

Talvez não seja como me vês

Mas meu jeito de me ver

É o que importa dessa vez

 

Testa grande

O nariz também

Mas com um sorriso de encantar alguém

 

Não sou gorda

Nem corpo esbelto

Sou magra da cabeça aos pés

 

Rosto redondo

Bochechas de Fofão

Cabelos longos e claros

Olhos espantados e arregalados

 

Podes discordar de como me vejo

Mesmo imperfeita tens que entender

Essa sou Eu a me descrever

 

Ombros largos

Braços compridos

Mãos grandes

Dedos finos

Assim me defino

Olivia Palito

 

Cintura fina

Mas não de violão

Abdômen definido

Mas não é tábua não

 

Coxas pequenas

Pernas finas

Parecendo uma seriema

Pés grandes, finos e largos

Difícil até de achar um calçado

 

Não se aborreças

Por esse meu ver

É assim que me defino 

Você tem que compreender

 

Imperfeita eu sou

Quem é que não é

Mas isso não importa

Porque sou feliz da cabeça aos pés.

 

         Joseane Araújo

 

Clube do Gueto