Resenha livro Em algum lugar nas estrelas

 

Em algum lugar nas estrelas é narrado por Jack, um menino de 13 anos, filho de um capitão da Marinha e que acaba de ficar órfão de mãe.
Após a Segunda Guerra Mundial, o pai retorna para casa e encontra, no lugar do filho de nove anos que deixou, um adolescente que se sente responsável pela morte da mãe. O relacionamento entre eles torna-se difícil, então, o pai decide levá -lo para um colégio interno em outro Estado. Lá, Jack conhece Early, um menino muito inteligente, mas considerado estranho pelos colegas.
Early é apaixonado pelo número Pi, de tal modo, que acredita ser ele uma pessoa (um menino em busca de seu nome) e que os algarismos contam a sua história. Quando um professor sugere que o número Pi não é infinito e que está chegando ao fim, Early, decide sair à sua procura. Na opinião dele, o número está apenas perdido, assim como seu irmão que foi dado como morto durante a guerra. Jack decide acompanhá-lo na sua busca e, a partir desse momento, os dois enfrentam inúmeras aventuras.
Um livro bonito, sensível, delicado, que fala sobre perdas familiares, amizade e, que quando termina, você sente aquele quentinho no coração.*

 

*Texto publicado, originalmente, em Instagram pessoal.

Resenha É isto um homem (Primo Levi)

 

 

 

Em “É isto um homem?”, Primo Levi retrata o período em que foi mantido prisioneiro no Campo de Concentração de Monowitz – Auschwitz. Judeu italiano de 24 anos, descreve, de forma simples e clara, a rotina vivida entre fevereiro de 1944 e janeiro de 1945. Dos 650 judeus italianos deportados com ele, 45 estavam em seu vagão e, destes, apenas quatro retornaram a suas casas.
Desde o princípio, o autor, deixa claro que sua intenção não é a de oferecer novas denúncias mas, sim, levantar reflexões acerca da natureza humana, frente a situações extremas.

O que nos torna homens? Se nos tirarem tudo: casa, pertences, entes queridos e, até mesmo, nosso nome, o que sobra? Como seres humanos, puderam fazer o que fizeram a outros seres humanos?
De forma sistemática, promoveram a desumanização, a perda da dignidade e a falta de esperança dos prisioneiros. A intenção, primeira, era a de matar a alma, de modo que, quando matasse o corpo, não fosse mais algo provido de afinidade humana: seria um mero objeto.

Levi nos mostra, que havia uma estratificação e uma hierarquia dentro do Campo, permitindo que fossem “comandados” por outros prisioneiros, tornando – os, assim (nas palavras do próprio Levi), “escravos dos escravos “.

São o típico produto da estrutura do Campo de Concentração alemão: basta oferecer a alguns indivíduos em estado de escravidão uma situação privilegiada, certo conforto e uma boa probabilidade de sobrevivência, exigindo em troca a traição da natural solidariedade com os companheiros, e haverá por certo quem aceite.”      (Pag.133)

Sobrevivência essa, muitas vezes, frustrada.
Um livro necessário para manter fresco na memória o que os homens podem fazer a outros homens, quando deixam de vê – los como semelhantes.

 

*Texto publicado condensado em Instagram pessoal.

Saber Viver (Cora Coralina)

 

Saber Viver

Não sei…
se a vida é curta
ou longa demais para nós.
Mas sei que nada do que vivemos
tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que sacia,
amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo:
é o que dá sentido à vida.

É o que faz com que ela
não seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira e pura…
enquanto durar.

 

Em homenagem aos 130 anos de nascimento da poetisa Ana Lins dos Guimarães Peixoto (20 de agosto de 1889 – 10 de abril de 1985), mais conhecida como Cora Coralina.

Trecho do poema Via-láctea de Olavo Bilac

XIII

“Ora(direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas”.

Olavo Bilac

Clube do Gueto