Em “É isto um homem?”, Primo Levi retrata o período em que foi mantido prisioneiro no Campo de Concentração de Monowitz – Auschwitz. Judeu italiano de 24 anos, descreve, de forma simples e clara, a rotina vivida entre fevereiro de 1944 e janeiro de 1945. Dos 650 judeus italianos deportados com ele, 45 estavam em seu vagão e, destes, apenas quatro retornaram a suas casas.
Desde o princípio, o autor, deixa claro que sua intenção não é a de oferecer novas denúncias mas, sim, levantar reflexões acerca da natureza humana, frente a situações extremas.
O que nos torna homens? Se nos tirarem tudo: casa, pertences, entes queridos e, até mesmo, nosso nome, o que sobra? Como seres humanos, puderam fazer o que fizeram a outros seres humanos?
De forma sistemática, promoveram a desumanização, a perda da dignidade e a falta de esperança dos prisioneiros. A intenção, primeira, era a de matar a alma, de modo que, quando matasse o corpo, não fosse mais algo provido de afinidade humana: seria um mero objeto.
Levi nos mostra, que havia uma estratificação e uma hierarquia dentro do Campo, permitindo que fossem “comandados” por outros prisioneiros, tornando – os, assim (nas palavras do próprio Levi), “escravos dos escravos “.
“São o típico produto da estrutura do Campo de Concentração alemão: basta oferecer a alguns indivíduos em estado de escravidão uma situação privilegiada, certo conforto e uma boa probabilidade de sobrevivência, exigindo em troca a traição da natural solidariedade com os companheiros, e haverá por certo quem aceite.” (Pag.133)
Sobrevivência essa, muitas vezes, frustrada.
Um livro necessário para manter fresco na memória o que os homens podem fazer a outros homens, quando deixam de vê – los como semelhantes.
*Texto publicado condensado em Instagram pessoal.