Autor: Frei Betto
Editora Vozes, 2011.
Durante muitos anos a fé e a ciência sempre divergiram em diversos assuntos, sendo consideradas por muitos como água e óleo, dois opostos que jamais se misturam. Uma prova disso é que sempre que alguém diz que é cientista, nos vêm à cabeça o questionamento “humm, será que é ateu/ateia?”. E se eu te dissesse que existe uma chance remota de unir a religião e a ciência, o que me diria? Imagino que você ficaria surpreso (a), claro que dificilmente isso aconteceria por diversos motivos que não há tempo e nem espaço para explicar todos aqui, entretanto algumas obras já tentaram dar início a esse processo de “união”, algumas delas pertencem ao padre jesuíta, teólogo, filósofo e paleontólogo francês Pierre Teilhard de Chardin, que viveu entre 1881 e 1955.
Esta obra de Frei Betto focaliza exatamente nisso. Aproveitando as teorias de Teilhard de Chardin, ela as reescreve resumidamente ao mesmo tempo em que produz uma série de reflexões sobre nossas condições humanas no cosmo, encontrando pontos comuns entre ciência e fé, como duas dimensões essenciais e que são complementares uma da outra. Sinfonia Universal realiza um diálogo envolvente com o leitor, levantando algumas questões importantes no decorrer de seus capítulos como “haveria vida além da Terra?”; “Não basta ter olhos, é preciso ver”; “crescei, multiplicai e… socializai-vos!”. Além disso, o livro ainda traz fatos históricos e curiosos sobre o avanço das ciências, sobretudo da cosmologia. Aqui vai o meu trecho favorito:
Em 1609,o físico italiano Galileu Galilei mandou para o museu das ideias a teoria aristotélica-ptolomaica, ao mirar o céu estrelado através das lentes de uma luneta que aumentava 33 vezes os objetos. Ao observar Saturno, verificou que pequenos satélites giravam à sua volta. Isso punha por terra a hipótese de que os astros giravam obrigatoriamente em torno do nosso planeta.(…) Desta vez quem não gostou foi o príncipe de Florença. Desconfiado, perguntou a Galileu se ele, com sua luneta, havia visto Deus lá encima. “Não”, respondeu o cientista italiano. “Então como quer que eu acredite em suas teorias?”, retrucou Sua Majestade. “Ou Deus está no coração humano, ou não se encontra em lugar nenhum”, replicou Galileu.
Esse texto agradável e atraente é um convite a todos (as) que pretendem compreender nossa importância nesta “Viagem sem volta” que é a vida.