A TESTEMUNHA OCULAR DO CRIME – AGATHA CHRISTIE: TRÊS COISAS A DIZER

Bem, depois de devorar as páginas de “A testemunha ocular do crime” de um dia para o outro, tenho que dizer três coisas:

1 – Miss Marple , a velhinha detetive é uma mega quebra de estereótipo, não nos é empurrado o clássico detetive intrépido de capacidades e desenvoltura quase sobrenaturais, nem mesmo uma femme fatale, jovem linda, sedutora que derrete os homens com seu ar de mistério e rara inteligência. Miss Marple é simplesmente uma idosa (80 anos!) de aspecto frágil que eventualmente emprega sua percepção arguta para resolver crimes. Ser como Miss Marple é minha meta de velhice!

2 – A autora me tapeou muito bem, ela construiu a trama de forma muito bem estrutura para poder induzir o leitor a desconfiar de vários personagens para poder deixar o verdadeiro assassino passar despercebido. Agatha emprega a mesma técnica que os mágicos empregam no palco, seduz a atenção do expectador para outros elementos do ato, fazendo-os parecer muito importantes, para que o verdadeiro ponto importante possa desfilar diante dos olhos de todos sem ser percebido e surpreender. A autora emprega isso com maestria e merece o seu título de “Dama do crime”!.

3 – Por último, eu não poderia deixar passar as alfinetadas que autora dá ao logo de alguns diálogos quanto ao modo que a sociedade encarava (e ainda encara) a capacidade intelectual das mulheres e suas opiniões. Miss Marple é recorrentemente subestimada no caso, não só por ser mulher, mas também por ser idosa. A detetive não se inflama com isso, afinal já viveu e experimentou tanto na vida no meio da sociedade patriarcal que já sabe como lidar com isso sem estresse, aguardando elegantemente o momento certo para  fazer os outros morderem a língua sem se abalar.

Bem, o saldo da leitura foi muito positivo, há muito humor, mostrando que um romance policial não necessariamente tem que ser tenso e obscuro para ser bom e envolvente, e há várias reviravoltas na trama, recomendo muito.

Resenha: Assassinato no Campo de Golfe – Agatha Christie

 

Novamente nos deparamos novamente com Hercule Poirot, o extravagante detetive belga (mesmo que muitos o julguem francês), juntamente com seu ‘companheiro’ Arthur Hastings, cujo ponto de vista é o que narra a história.

Poirot recebe uma carta misteriosa e desesperada de um milionário monsieur Renauld, que acredita que sua vida corre sério perigo, e Poirot e seu amigo rapidamente se dirigem para o destino da carta – França. Mas ao chegar lá, descobrem que o homem havia sido assassinado na noite passada, apunhalado pelas costas num campo de golfe, com uma cova recém aberta a seu lado.

Esse foi o primeiro livro da Agatha que eu li (e peguei aqui no Clube mesmo), e mal terminei e já queria ler de volta por estar sentindo falta haha. Eu nunca tinha lido um livro dela antes, então estava receosa de a narrativa não me cativar, mas ela fez totalmente o oposto. Mesmo achando que sabia a forma que Poirot trabalhava, ele ainda me surpreendia a cada capítulo, prestando atenção à todos os detalhes importantes, invisíveis aos olhos de qualquer outra pessoa. Li em menos de uma semana e arregalei os olhos com a explicação detalhada do crime, de forma que não ficasse claro apenas à Hastings o que e como aconteceu, mas ao leitor também.

Posso afimar, sem receio algum, que Agatha Christie vale muito a pena.

Clube do Gueto