Vocês já se olharam no espelho e perceberam os seus avós?
A relação com a ancestralidade e a memória dos antepassados é o que faz essa história infantil, escrita por Eliana Potiguara, ser tão linda e sensível.
Por ser um livro infantil precisei compreendê-la pelos olhos da Heloísa menina. Depois compreender que o novo só é pleno com a presença do antigo.
O Pássaro Encantando, de Eliana Potiguara, nos fala que cada um, como parte, integra o todo por meio da memória dos ancestrais. É um caminhar continuo, sem paradas e que nos torna uma espécie de Universo.
A relação das crianças com os avós nos ensina sobre o ciclo da vida, onde os ensinamentos eternizam os que partem, considerando a morte apenas uma peça do motor da vida.
A memória daqueles que partem nos traz um sopro de alegria pelo que representaram e é também o marco de regulador sobre a responsabilidade com a formação das próximas gerações.
As alegorias são inúmeras no livro, mas revelar cada uma não daria a dimensão do carinho que o livro tem. Vale a pena ler e experimentar por si cada revelação, e se no fim você não se perceber no papel das crianças, da grande avó e do pássaro encantado, volte e leia novamente.
O livro me encantou do começo ao fim, com belas ilustrações, e foi um abraço carinhoso das minhas memórias mais gratas, os meus avós.
Livro urgente para lembrar que, apesar do desenvolvimento do homem, ainda dividimos espaços com a Grande Mãe Natureza e devemos respeitá-la.