Banho de Cheiro

Eneida de Moraes é meu rio. Nela mergulhei, e dela resurgi outra mulher.⁣

Em Banho de Cheiro, seu livro memorialista, Eneida nos conta suas memórias alegres e tristes tendo como cenário a Belém de sua infância, de sua juventude e vida madura.⁣

Da infância feliz e protegida pelo dinheiro do pai numa Belém do final do ciclo da borracha, Eneida nos conta de suas brincadeiras, da ida ao colégio e da marcante relação com a mãe.⁣

Aos poucos ela vai, por meio de sua escrita quase lírica, mostrando como amadureceu, como seus pensamentos não estavam naquele tempo. Eneida era a frente de seu tempo. Suas memórias tem algo que lembra as fábulas, pois sempre terminam com uma moral.⁣

Banho de Cheiro remete ao pensamento de pertencer a um lugar, a ter raízes e ter uma cultura que traz sua identidade. Fala de suas memórias, mas podia ser de qualquer um, parece uma lembrança antiga do leitor.⁣

Eneida é puro encantamento,⁣
Ternura e sentimentos.⁣
Colo de mãe.⁣
Ela é a voz de uma e de muitas,⁣
Mulheres puras e perdidas.⁣
Eneida é Belém do Pará,⁣
Parte do Rio e de todo Brasil.⁣
Eneida é alegria e resistência.⁣
Subversiva.⁣
Sobreversos⁣
É reverso.⁣
Eneida foi uma princesa,⁣
Sem príncipe, ⁣
Sem sapos, ⁣
Sem dragões.⁣
Uma mulher demais⁣
Foi Eneida de Moraes.⁣

*Texto produzido após o encontro do mês de agosto do Clube de Leitura Leia Mulheres Belém.

 

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