GRANDES OBRAS DE SHAKESPEARE: Romeu e Julieta

4 – Romeu e Julieta

O enredo da obra fala sobre o romance do casal Romeu Montecchio e Julieta Capuleto, que não poderiam ficar juntos por brigas entre suas famílias. Contrariando às expectativas, os jovens se apaixonam e fazem loucuras de amor para permanecerem juntos. Altamente apreciada pelo público jovem, a obra foi adaptada para o cinema, sendo um dos exemplos cinematográficos o filme “Romeu + Julieta”, do diretor Baz Luhrmann.

 

GRANDES OBRAS DE SHAKESPEARE: Hamlet

2 – Hamlet

“Ser ou não ser? Eis a questão”. Uma das frases mais famosas da literatura foi extraída do livro Hamlet, publicado em 1603. O protagonista, homônimo ao título da publicação, é o príncipe da Dinamarca e é obrigado a realizar um ato de revanche contra seu tio Cláudio, que teria assassinado o pai do jovem. É uma das obras extremamente adaptada, que discute essencialmente as relações humanas.

GRANDES OBRAS DE SHAKESPEARE: Otelo

1 – Otelo, o Mouro de Veneza

Os protagonistas principais da publicação são Otelo, um general mouro, Desdêmona, esposa dele, Cássio, tenente, e Iago, sub-oficial. Ao longo do enredo, Shakespeare desenvolve uma trama de inveja, traição e rivalidade. Embora a obra tenha sido escrita por volta de 1603 e publicada em 1622, os temas abordados ainda apresentam um grande grau de atualidade.

Esquece-a

ESQUECE-A

 

Amor é gozo ligeiro,

Mas é grato e lisonjeiro

Como o sorriso infantil;

Promessa doce, e mentida,

Alenta, destrói a vida;

É um delírio febril.

Muito te amei… minha lira,

Que triste agora suspira,

Nesta erma solidão,

Bem sabes ─ ricas de flores,

Cantava os ternos amores,

Do meu terno coração.

Minha afeição era pura.

Não era engano, cordura,

Não era afeto mentido;

Se ela assim te não cativa,

Esquece-a, que sou altiva,

Esquece-a, sim ─ fementido.

Fonte

“Cantos à Beira-Mar e Gupeva”, Maria Firmina dos Reis, Academia Ludovicense de Letras, São Luís (MA), 2017.

Cismar

CISMAR

À MINHA QUERIDA PRIMA ― BALDUÍNA N. B.

 

Quando meus olhos lanço sobre o mar,

Augusto ─ o seu império contemplando;

Quer tranquilo murmure ─ ou rebramando,

Expande-se meu peito extasiado.

Corre minh’alma pelo céu vagando,

Sobre seres criados ─ Deus buscando…

E fundo, e deleitoso é meu cismar.

Se ronca a tempestade enegrecida,

Pavoroso trovão rouqueja incerto;

As nuvens se constrangem, o céu aberto

Elétrico clarão vomita escuro:

Ao Deus da criação, ao rei da vida

Elevo o pensamento, e o coração…

Cresce, avulta, e aumenta a cerração

E em meu vago cismar só Deus procuro;

Se plácida no céu correndo vejo

─ A lua ─ o mar, as serras prateando,

Qual áureo diadema cintilando

Em casta fronte de pudica virgem,

Em meu grato cismar só Deus almejo…

Bendiz minh’alma seu poder imenso!

Bendiz o Criador do Orbe extenso,

Que os outros rege ─ que seu trono cingem.

E bendigo depois a minha dor,

Meu duro sofrimento, ─ o meu viver…

Porque pode apagar, fundo sofrer

As feias culpas do existir da terra.

Oh! sim minh’alma te bendiz Senhor.

Quando cismando se recolher triste…

Bendiz o eterno amor, que em ti existe,

O imenso poder que em ti se encerra!!…

Fonte

“Cantos à Beira-Mar e Gupeva”, Maria Firmina dos Reis, Academia Ludovicense de Letras, São Luís (MA), 2017.

* * * * *

Amor

AMOR

 

Ah! sim eu quero rever-te a medo

Terno segredo ─ que em minh’alma habita;

Mas, vês? Eu tremo… teu sorriso anima:

Vê, se o que digo, o teu dizer imita…

Um ai poderá traduzir ─ n’um ai

Tudo o que pedes que eu te diga agora;

Mas tu não queres!… teu querer respeito.

Eia… coragem! dir-te-ei n’uma hora.

Oh! não te esqueças meu rubor, meu pejo,

Vê que eu vacilo… que eu perdi a cor;

Embora… escuta. Tu me amas? ─ dize

Eu te confesso que te voto amor…

Fonte

“Cantos à Beira-Mar e Gupeva”, Maria Firmina dos Reis, Academia Ludovicense de Letras, São Luís (MA), 2017.

O Pedido

O PEDIDO

 

Oh! dessas flores que te adornam ─ virgem,

Embora esposa de um momento, ─ atende!

Uma somente, eu te suplico ─ dá ─ m’a;

Dos seios dela meu sossego pende.

Assim dizia adolescente belo,

Cuja afeição o conduzia a ela,

E com uma rosa perfumada, e leda

Brincava a jovem, festival donzela.

Ela fitou-o com um sorriso mago,

Cheio de encanto, de afeição singela,

E deu-lhe grata ─ desfolhando a rosa,

As meigas pétalas dessa flor tão bela!

Não sei, se a jovem estremeceu beijando-a;

Sei que guardou-as: ─ fraternal abraço!

Era essa rosa desfolhada ─ as notas

Últimas d’harpa, que se esvai no espaço.

Fonte

“Cantos à Beira-Mar e Gupeva”, Maria Firmina dos Reis, Academia Ludovicense de Letras, São Luís (MA), 2017.

O ATENEU – Raul Pompeia

O texto é em primeira pessoa e Sérgio, já adulto, relata a convivência em um internato, intitulado Ateneu, um ambiente corrupto e moralista, sendo dirigido pelo Dr. Aristarco, um homem que visava apenas o lucro e o ganho de bens materiais, então diretor do colégio. A cena pioneira do romance relata a ida do jovem para o internato. Seu pai o leva de encontro a um novo ambiente. Ele irá encontrar novas pessoas, até então imaturas nas suas ações, e Sérgio deve “encontrar o mundo” como afirmava o pai. É a típica cena de paternidade da época: o pai anseia em ver o filho pródigo com um futuro promissor, procura um internato para enquadrá-lo às cobranças de um mundo exigente e esmagador. “Coragem para a luta”, dizia seu pai.

Sérgio atende as necessidades do pai e, ao longo de toda a narrativa, relata seus medos, decepções, as disciplinas impostas duramente, os relacionamentos e as amizades. É nítida a crítica quanto ao modo moralista e severo das instituições de elite do século XIX. De forma irônica, Aristarco representa bem o que um típico ditador assume em seu caráter. O enredo está repleto de metáforas e isso contribui para enfatizar o caráter hiperbólico da obra, marcada pelos exageros da língua.

A LUA BRASILEIRA – Maria Firmina dos Reis

A LUA BRASILEIRA

Oferecida ao Ilmo. Sr. Dr. Adriano Manoel Soares.

Tributo de amizade e gratidão.

 

É tão meiga, tão fagueira,

Minha lua brasileira;

É tão doce, e feiticeira,

Quando airosa vai nos céus;

Quando sobre almos palmares,

Ou sobre a face dos mares,

Fixa, nívea, seus olhares,

Qu’enfeitiçam os olhos meus;

Quando traça na campina

Larga fita diamantina;

Quando sobre a flor marina,

Esparge seu níveo albor;

Quando manda brandamente

Sobre a campina virente,

Seu fulgir alvinitente,

O seu mágico esplendor;

Quando sobre a fina areia,

Que a onda beijar anseia

Molemente ela passeia,

Desdobrando alvo lençol;

Quando ao fim da tarde amena

Ressurge pura e serena,

Disputando nessa cena,

Primores co’o rubro sol;

Oh! eu sinto então meu peito,

A tanto encanto sujeito,

Tão comovido, e desfeito,

Por um sublime sentir,

Que dos ares n’amplidão,

Vagueia a imaginação,

Qual se me fora condão,

Outros mundos descobrir!

Podem outros seus encantos

Ver também, beber seus prantos,

Por seus vales, e recantos,

Por suas veigas, em flor;

Podem vê-la sobre os montes,

Trepando nos horizontes,

A retratar-se nas fontes,

C’roada de níveo albor;

Lá n’outros mundos; ─ mas, bela

Assim branca, assim singela,

Como pálida donzela,

Que geme na solidão;

Assim pura, acetinada,

Como flor na madrugada

Pelo rocio beijada,

Com mimo, com devoção;

Assim virgem na frescura,

Com tão maga formosura,

Percorrendo essa planura

De nossos formosos céus,

Isso não: Assim ninguém

Mimosa, leda, inocente,

Assim formosa, indolente,

Permitiu-nos vê-la Deus!

Quem não ama vê-la assim,

C’a candidez do jasmim,

Espargindo amor sem fim,

Na terra de Santa Cruz!

Quem não ama entusiasmado

Da noite o astro nevado,

Que, co’o rosto prateado,

Tão meigamente seduz!?!

Quem não sente uma saudade,

Vendo a lua em fresca tarde,

Branca ─ em plena soledade,

Vagar nos campos dos céus!

Quem não gera com fervor,

No peito em que ergue a dor,

Um hino sacro de amor,

Um hino eterno ao seu Deus!?…

Eu por mim amo-te, oh bela,

Que semelhas a donzela,

Com roupas de branca tela,

Com traços de fino albor.

Que vai pura aos pés do altar

Por muito saber amar,

Ao terno amado jurar,

Lealdade ─ fé ─ e amor.

Amo ver-te assim fagueira,

Minha lua brasileira,

Qual menina lisonjeira,

Que promete, e foge e ri;

E depois, inda voltando,

Vem com beijinhos pagando,

Aquele a quem se furtando,

De novo a chamara a si.

Assim, lua, teus encantos

Inspiram mimosos cantos:

Chora sobre mim teus prantos,

Vertidos na solidão!

Tens em mim, lua querida,

Uma amiga enternecida,

Que aninha n’alma sentida

Muita dor ─ muita aflição.

Só teus raios prateados,

Teus inocentes agrados,

Teus suspiros magoados,

Modificam tanta dor.

Vem pois com tuas carícias

Infundir brandas delícias,

E com suaves blandícias

Entusiasmar-me de amor.

Publicado originalmente no “Semanário Maranhense”, 1/3/1868, ano I, número 27, páginas 7 (segunda e terceira colunas) e 8 (primeira coluna).

SONHO OU VISÃO – Maria Firmina dos Reis

SONHO OU VISÃO?

 

Tu vens rebuçado

Nas sombras da noite

Sentar-te em meu leito;

Eu sinto teus lábios

Roçar minhas faces

Roçar no meu peito.

Não sei bem se durmo,

Se velo ─ se é sonho,

Se é grato visão:

Só sei que arroubada

Deleita a minh’alma

Tão doce ilusão.

Depois, um suspiro

Que cala mais fundo

Que prantos de dor;

Que fala mais alto

Que juras ardentes,

Que votos de amor,

Vem lento ─ pausado

Do imo do peito

Nos lábios ─ morrer…

Eu amo de ouvi-lo,

Pois desses suspiros

Se anima o meu ser.

Mas, ah! não me falas…

Teus lábios, teu rosto

Só tem um sorriso.

Depois vaporoso

Vai todo fugindo

Teu corpo ─ teu riso.

Então eu desperto

Do sonho ─ ou visão,

Começo a cismar;

E ainda acordada

Invoco em delírio.

Falta o verso final desta estrofe, em todas as fontes.

Oh! Vem no meu sono

Imagem querida

Pousar no meu leito

Com lábios macios

Roçar minhas faces

Pousar no meu peito.

“Escritoras Brasileiras do Século XIX ─ Antologia”, páginas 283 e 284, Zahidé Lupinacci Muzart (organizadora), Editora Mulheres e Editora da Universidade de Santa Cruz do Sul (EDUNISC), Florianópolis, SC, 1999.

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