Senhora, 1875

O romance Senhora, de José de Alencar, é a produção mais crítica do autor em relação ao casamento por interesse – uma situação frequente outrora. Os protagonistas da história são Aurélia Camargo, uma moça pobre, filha de costureira, e Fernando Seixas, então namorado da jovem. Ao perceber que o futuro financeiro casando-se com Aurélia não seria promissor, Fernando a troca por Adelaide Amaral, uma moça rica e de família.
A reviravolta acontece quando Aurélia torna-se órfã e recebe uma fortuna inesperada do avô. Com desejo de se vingar de Fernando, ela propõe comprá-lo. A transação é realizada e os dois se casam. O final dessa história, contudo, é feliz: Fernando trabalha para reunir dinheiro e comprar a sua alforria e Aurélia, percebendo a mudança no marido, resolve perdoá-lo.
“Aurélia recebeu da mão de Seixas vários papéis e correu os olhos por eles. Constavam de uma declaração do Barbosa relativa ao privilégio, e contas de vendas de jóias e outros objetos.
– Agora nossa conta, continuou Seixas desdobrando uma folha de papel. A senhora pagou-me cem mil cruzeiros; oitenta mil em um cheque do Banco do Brasil que lhe restituo intacto; e vinte mil em dinheiro, recebido há 330 dias. Ao juro de 6% essa quantia lhe rendeu Cr$ 1.084,71. Tenho pois de entregar-lhe Cr$ 21.084,71, além do cheque. Não é isto?
Aurélia examinou a conta corrente; tomou uma pena e fez com facilidade o cálculo dos juros.
– Está exato”