JOSÉ DE ALENCAR: O Guarani

O guarani, 1857

Primeira edição de O guarani.
Primeira edição de O guarani.

O cenário da obra-prima O guarani é uma fazenda as margens do rio Paquequer, na Serra dos Órgãos, interior do Estado do Rio de Janeiro. A história é ambientada no século XVII e os protagonistas são Peri, índio da região, e Cecília, filha de D.Antônio de Mariz, um fidalgo português. Peri é um índio da tribo dos Goitacás que defendeu a família Mariz e, pela sua demonstração de fidelidade, ganhou a confiança da casa e passou a viver com a família. O índio possuía um amor cego e devoto por Ceci, uma linda moça que colecionava apaixonados.

Quando percebe que a família corre perigo de ser atacada pelos aimorés, índios da região, Peri se submete a o maior dos sacrifícios: como os aimorés eram canibais, Peri se envenena e vai para combate. Seu plano era que, ao ser devorado, a tribo falecesse, deixando a família Mariz em paz. Felizmente os cálculos de Peri não dão certo e ele acaba sendo salvo a tempo. A fazenda é incendiada, D.Antônio de Mariz batiza o índio rapidamente e o autoriza a fugir com Ceci.

“O índio fez a narração da cena da noite antecedente desde que Cecília tinha adormecido até o momento em que a casa saltara com a explosão, restando dela apenas um montão de ruínas.

Contou que ele tinha preparado tudo para que D. Antônio de Mariz fugisse, salvando Cecília; mas que o fidalgo recusara, dizendo que a sua lealdade e a sua honra mandavam que morresse no seu posto.

— Meu nobre pai! murmurou a menina enxugando as lágrimas. Houve um instante de silêncio, depois do qual Peri concluiu a sua narração, e referiu como D. Antônio de Mariz o tinha batizado, e lhe havia confiado a salvação de sua filha.

— Tu és cristão, Peri?… exclamou a menina, cujos olhos brilharam com uma alegria inefável.

— Sim; teu pai disse: “Peri, tu és cristão; dou-te o meu nome!”

— Obrigado, meu Deus, disse a menina juntando as mãos e erguendo os olhos ao céu.”

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