6. Feliz aniversário, de Clarice Lispector
Idosa com ar pensativo
Esta narrativa descreve o aniversário de uma matriarca de 89 anos, que vivia com a filha Zilda, a única mulher entre os 7 filhos.
Zilda tinha preparado a festa para uma família que não convivia, que não tinha carinho uns pelos outros. Exemplo disso era um dos filhos, que não foi à festa para não ver os irmãos e mandou a mulher para o representar.
Os convidados ignoravam a aniversariante, cuja filha já a tinha sentado à mesa desde às duas da tarde, quando os primeiros convidados começaram a chegar às quatro. Tudo isso para adiantar o seu trabalho.
Apesar de não se manifestar, a matriarca estava triste e revoltada com os seus frutos.
Como pudera ela dar à luz aqueles seres risonhos fracos, sem austeridade? O rancor roncava no seu peito vazio. Uns comunistas, era o que eram; uns comunistas. Olhou-os com sua cólera de velha. Pareciam ratos se acotovelando, a sua família.
Em dada altura, cospe no chão e, sem modos, pede um copo de vinho.
Foi esse o momento em que chamou as atenções para si, já que faziam a festa entre eles, de costas para a velha, cuja presença foi ignorada durante todo o tempo e que, ao fim, só pensava se naquele dia haveria jantar.