Poema Sujo

turvo turvo a turva mão do sopro contra o muro escuro menos menos menos que escuro menos que mole e duro menos que fosso e muro: [menos que furo escuro mais que escuro: claro como água? Como pluma? Claro mais que claro claro: coisa alguma e tudo (ou quase) um bicho que o universo fabrica e vem sonhando

Ferrreira Gullar

O olho mais azul – Toni Morrison

“Dizer-lhe o quê? O que é que um negro exaurido podia dizer às costas arqueadas de sua filha de onze anos? Se a olhasse no rosto, veria aqueles olhos amorosos e acossados. O acossamento o irritaria — o amor o enfureceria. Como é que ela ousava amá-lo? Não tinha bom senso algum? O que é que ele devia fazer a respeito disso? Retribuir? Como? O que é que as suas mãos calejadas
podiam produzir para fazê-la sorrir? O que do seu conhecimento do mundo e
da vida poderia ser útil a ela? O que é que seus braços pesados e cérebro atordoado podiam realizar para que ele ganhasse respeito por si mesmo, o que,
por sua vez, permitiria que ele aceitasse o amor dela? O ódio que sentiu por ela revirou-lhe o estômago e ameaçou tornar-se vômito.”

Clube do Gueto