Eles vieram do nada
sem convite, sem aviso.
Para eles escrevi,
em delírio e por deleite.
Eles vieram do nada
sem convite, sem aviso.
Para eles escrevi,
em delírio e por deleite.
É preciso deixar decantar a dor para entendê-la, mas não espere demais. O passado precisa passar – disse o rapaz. (p.31)
Ela sorriu com todo um encantamento de uma
criança na noite de Natal e disse: “Vocês fumam para saborear. Eu fumo para
morrer.” (p.43)
turvo turvo a turva mão do sopro contra o muro escuro menos menos menos que escuro menos que mole e duro menos que fosso e muro: [menos que furo escuro mais que escuro: claro como água? Como pluma? Claro mais que claro claro: coisa alguma e tudo (ou quase) um bicho que o universo fabrica e vem sonhando
Ferrreira Gullar
“Margot sempre adorou um mistério. E, com tudo o que aconteceu depois, nunca
consegui deixar de pensar que ela talvez gostasse tanto de mistérios que acabou
por se tornar um.” (p.01)
hoje
você é
o fogo
& amanhã
você será
o mar
& eles não
terão escolha
a não ser ouvir seu canto de sereia.
– amanda lovelace
pronto para uma
verdade dura?
as mulheres
não precisam
da sua validação.
nós
já temos
a nossa própria.
– meu próprio valor não deveria parecer um ato de coragem.
ninguém deve
ter que carregar
o insuportável
peso de um
colchão pesado
nas costas pela
vida inteira.
é isso mesmo,
sou
a mulher
com o
coração incendiário
sobre a qual
todos os seus pais
lhe advertiram
&
quando
uma árvore
pega fogo,
não demora muito
para que
toda a
floresta
esteja em chamas.
Ainda tem muita coisa linda para acontecer na sua vida.
Eu sei que parece óbvio…
Mas a poesia serve para nos lembrar das coisas óbvias da vida,
Aquelas coisas que, de tão óbvias, nós esquecemos de pensar.
O que em mim sou eu?
Se cada dia penso algo diferente
Por que deveria acreditar
Que sou o que penso ser?
Me conheço na medida em que me faço.
“Dizer-lhe o quê? O que é que um negro exaurido podia dizer às costas arqueadas de sua filha de onze anos? Se a olhasse no rosto, veria aqueles olhos amorosos e acossados. O acossamento o irritaria — o amor o enfureceria. Como é que ela ousava amá-lo? Não tinha bom senso algum? O que é que ele devia fazer a respeito disso? Retribuir? Como? O que é que as suas mãos calejadas
podiam produzir para fazê-la sorrir? O que do seu conhecimento do mundo e
da vida poderia ser útil a ela? O que é que seus braços pesados e cérebro atordoado podiam realizar para que ele ganhasse respeito por si mesmo, o que,
por sua vez, permitiria que ele aceitasse o amor dela? O ódio que sentiu por ela revirou-lhe o estômago e ameaçou tornar-se vômito.”