“Descobri que não é verdade o que dizem a respeito do passado, essa história de que podemos enterrá-lo. Porque, de um jeito ou de outro, ele sempre consegue escapar.”
Categoria: Trecho de livro
Inesperadamente você
Foi naquele exato instante que me vi obrigada a aceitar o que sentia. Não havia mais escapatória, e muito menos alguma dúvida. Eu estava completa e irrevogavelmente apaixonada por Theo e cada mínimo pedaço dele.
Qual o início de livro que vcs mais gostam?
Me (até agora): “As Gregor Samsa awoke one morning from uneasy dreams he found himself transformed in his bed into a gigantic insect.” (The Metamorphosis – Kafka)
Neologismo
Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E a mais cotidiana.
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo:
Teadoro, Teodora.
(Manuel Bandeira – Petrópolis , 1947)
Frankenstein
Nothing is so painful to the human mind as a great and sudden change. The sun might shine or the clouds might lower, but nothing could appear to me as it had done the day before.
Memórias Póstumas de Brás Cubas
Não te assustes, disse ela, minha inimizade não mata; é sobretudo pela vida que se afirma. Vives: não quero outro flagelo.
Romeu e Julieta
Romeu: Eu juro, pela Lua abençoada, Que banha em prata as copas do pomar…
Julieta: Não jure pela Lua, que é inconstante, E muda, todo mês, em sua órbita, Pro seu amor não ser também instável.
Romeu: Por que devo jurar?
Julieta: Não jure nunca. Ou, se o fizer, jure só por si mesmo, Único deus de minha idolatria, Que eu acredito.
Romeu: Se meu grande amor…
Julieta: Não jure, já que mesmo me alegrando O contrato de hoje não me alegra: Foi por demais ousado e repentino, Por demais como o raio que se apaga Antes que alguém diga “Brilhou”. Boa-noite. Este botão de amor, sendo verão, Pode florir num nosso novo encontro. Boa noite, ainda. Que um repouso são Venha ao meu seio e ao seu coração.
Romeu: Mas vai deixar-me assim, insatisfeito?
Julieta: E que satisfação posso hoje eu dar?
Romeu: Sua jura de amor, pela que eu dei.
Julieta: Eu dei-lhe a minha antes que a pedisse; Bem que eu queria ainda ter de dá-la.
Romeu: E quer negá-la? Mas pra quê, amor?
Julieta: Só pra ser franca e dá-la novamente; Eu só anseio pelo que já tenho: Minha afeição é como um mar sem fim, Meu amor tão profundo. Mais eu dou Mais tenho, pois são ambos infinitos. Ouço um ruído. Até mais, amor meu.
Soneto de fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Estoril, outubro de 1939
Assim Falava Zaratustra
É preciso usar trovões e fogos de artifício celestes para falar com sentidos frouxos e dormentes.
Mas a voz da beleza fala baixo: ela se insinua apenas nas almas mais despertas.
A Revolta de Atlas
Ele se acostumara à sensação, mas não conseguia defini-la. Ademais, o vagabundo falara como se soubesse de seus sentimentos, como se achasse que alguém deveria sentir aquilo e, ainda mais, como se conhecesse o motivo.
A Revolta de Atlas
Não, pensou. Não é medo, não há nada a temer. O que há é uma apreensão imensa e difusa, sem origem e sem causa. (p.11)
Eu tenho sérios poemas mentais
Percebi que, se não estou desesperadamente tentando ser feliz,
é porque evidentemente já sou;