CLÁSSICOS FRANCESES: Os Miseráveis

Os Miseráveis (Victor Hugo)

 

clássicos da literatura francesa, os miseráveis

 

O livro conta a história de Jean Valjean, um homem de origem humilde que rouba um pão para alimentar a família e é condenado a dezenove anos de prisão. Depois de solto, o pai de família é repudiado socialmente e acolhido por um bispo. Esse acontecimento muda radicalmente sua vida, mas, novos acontecimentos o reconduzem ao calabouço.

 

MOTIVO (Cecília Meireles) + Explicação e contexto

Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

Motivo é o primeiro poema do livro Viagem, publicado em 1939, época do Modernismo. A composição se trata de um metapoema, isto é, um texto que se volta sobre o seu próprio processo de construção. A metalinguagem na poesia é relativamente frequente na lírica de Cecília Meireles.

A respeito do título, Motivo, convém dizer que para Cecília escrever e viver eram verbos que se misturavam: viver era ser poeta e ser poeta era viver.

Escrever fazia parte da sua identidade e era uma condição essencial para a vida da escritora, é o que se constata especialmente no verso: “Não sou alegre nem sou triste: sou poeta”.

O poema é existencialista e trata da transitoriedade da vida, muitas vezes com certo grau de melancolia, apesar da extrema delicadeza. Os versos são construídos a partir de antíteses, ideias opostas (alegre e triste; noites e dias; desmorono e edifico; permaneço e desfaço; fico e passo).

Uma outra característica marcante é a musicalidade da escrita – a lírica contém rimas, mas não com o rigor da métrica como no parnasianismo (existe e triste; fugidias e dias; edifico e fico; tudo e mudo).

É de se sublinhar também que praticamente todos os verbos do poema estão no tempo presente do indicativo, o que demonstra que Cecília pretendia evocar o aqui e o agora.

Mario de Andrade

Eterna Presença

Este feliz desejo de abraçar-te,
Pois que tão longe tu de mim estás,
Faz com que te imagine em toda a parte
Visão, trazendo-me ventura e paz.

Vejo-te em sonho, sonho de beijar-te;
Vejo-te sombra, vou correndo atrás;
Vejo-te nua, oh branco lírio de arte,
Corando-me a existência de rapaz…

E com ver-te e sonhar-te, esta lembrança
Geratriz, esta mágica saudade,
Dá-me a ilusão de que chegaste enfim;

Sinto alegrias de quem pede e alcança
E a enganadora força de, em verdade,
Ter-te, longe de mim, juntinho a mim.

Clube do Gueto