Laços de Família reúne treze contos clássicos, que adentram o universo dos círculos domésticos, debatem os conflitos, a violência emocional e os sentimentos latentes existentes nos núcleos familiares.
A obra levanta questões delicadas que representam vínculos afetivos e aprisionamento dos personagens de uma família, como solidão, falta de comunicação e até morte.
Entre os contos apresentados estão: Amor; Preciosidade; O Búfalo; Uma Galinha; Devaneio e Embriaguez duma Rapariga; A Imitação da Rosa; Feliz Aniversário; O Crime do Professor de Matemática; O Jantar; A menor Mulher do Mundo; Começos de uma Fortuna; Os laços de Família; e Mistérios em São Cristóvão.
Sagarana agrupa nove contos que, em sua maioria, têm como cenário o sertão de Minas Gerais e contam episódios vividos por vaqueiros e jagunços da região. Os contos presentes na obra incluem: O burrinho pedrês; A volta do marido pródigo; Sarapalha; Duelo; Minha gente; São Marcos; Corpo fechado; Conversa de bois; A hora e a vez de Augusto Matraga.
O romance fala sobre a vida de um grupo de meninos de rua, conhecido como Capitães de Areia, que comete uma série de infrações na cidade de Salvador. A obra retrata o cotidiano dos jovens, a violência, os desafios e também seus sonhos e ambições.
No enredo, não há destaque para um personagem principal, predomina o elemento coletivo, o grupo. Assim, são delineadas as características, facetas e o destino de cada um dos integrantes do bando.
A história de O Cortiço, uma obra da escola naturalista, se passa em uma habitação coletiva e discorre sobre a influência social e racial no comportamento dos personagens.
A trama principal aborda a jornada e as artimanhas, nem sempre dignas, do personagem João Romão em busca de riqueza e ascensão social e sua disputa com Miranda, um comerciante de status mais elevado. Histórias paralelas da obra apresentam a vida de outros moradores do cortiço e destacam a má influência do meio sobre eles.
Uma das obras mais conhecidas da literatura brasileira, Dom Casmurro conta a história de Bentinho e Capitu, que foram criados juntos e se apaixonaram quando ainda eram adolescentes, mas tiveram que se afastar quando ele foi mandado para o seminário devido a uma promessa de sua mãe.
No decorrer da narrativa, Bentinho torna-se amigo de Escobar e ambos desistem do seminário. Bentinho se casa com Capitu e Escobar com Sancha. Após a morte do amigo, o protagonista passa a duvidar da fidelidade de sua mulher e começa a notar semelhanças entre seu filho e o falecido.
No Brasil, o Modernismo surgiu a partir da Semana de Arte Moderna de 1922, que ocorreu devido ao Centenário de Independência. Em Portugal, o movimento estreou em 1915, com a publicação da Revista Orpheu.
O modernismo se divide em três gerações:
Primeira Geração (1922 a 1930): Diretamente afetada pela Semana de Arte Moderna de 1922, caracteriza-se pelo rompimento com estruturas do passado. É valorizado em especial um distanciamento ao Parnasianismo, que é ironizado por meio do poema Os Sapos, de Manuel Bandeira.
Manuel Bandeira (Foto: Wikipedia Commons)Salvar
Outros representantes dessa geração são Mário de Andrade, autor de Macunaíma, e Oswald de Andrade. Em Portugal, temos Fernando Pessoa, que escreveu a obra Mensagem e criou três heterônimos, cada um com estilos de escrita particulares. São eles: Alberto Caeiro (Pastor Amoroso, Poemas Inconjuntos), Ricardo Reis (Prefiro Rosas, Breve o Dia) e Álvaro de Campos (Ode Marítima, Tabacaria).
Segunda Geração (1930 a 1945): As ideias de 1922 se amadurecem e o Modernismo começa a se consolidar. Há na poesia uma grande abrangência temática, ganhando destaque autores como Carlos Drummond de Andrade, autor de Alguma Poesia, de 1930, e Vinícius de Moraes, que publicou seu primeiro livro de poemas Caminho para a Distância e, em 1936, o poema Ariana, a mulher.
O escritor Carlos Drummond de Andrade (Foto: Wikipedia Commons)Salvar
Na prosa, há grandes romances regionalistas, focados em temas sociais, e com linguagem coloquial e regional. Um exemplo é Vidas Secas (1938), de Graciliano Ramos, e os romances de Jorge Amado, o mais famoso deles, Capitães de Areia (1937), que retrata a vida de meninos abandonados em Salvador.
Terceira Geração (1945 a 1960): Essa fase é considerada bem fragmentada. Trata-se de um período no qual o movimento perde um pouco a unidade, com várias tendências literárias surgindo ao mesmo tempo.
Entre os autores mais importantes temos Clarice Lispector, que escrevia principalmente histórias não lineares com protagonistas femininas. A autora tem uma linguagem profunda por meio da qual escreve em um cenário de cotidiano momentos de revelação e epifanias pela qual passam suas personagens.
A escritora Clarice Lispector (Foto: Reprodução/Youtube)Salvar
Também há João Guimarães Rosa, autor de Grande Sertão: Veredas ( 1956), e João Cabral de Melo Neto, que escreveu Morte e Vida Severina ( 1955). Ambos escreveram as obras com traços regionalistas e que unem poesia e prosa para fazer uma crítica social.
Embora não seja considerado uma “escola literária”, já que não há uma linha única seguida por um grupo de autores, a literatura pré-modernista discute os problemas sociais e a realidade cultural do Brasil. O movimento se desenvolveu na transição da República da Espada para a República das Oligarquias ou República do café com leite.
Busto dedicado a Lima Barreto no Rio de Janeiro (Foto: Wikipedia Commons)Salvar
O Rio de Janeiro do século 20, em meio a profundas transformações da reforma urbana do prefeito Pereira Passos, é o pano de fundo do pré-modernismo. Os autores adotam uma postura crítica diante as desigualdades e problemas da população. Há linguagem formal, mas fica para trás a preocupação estética e rebuscada, focando-se em temas sociais e políticos.
Entre os autores mais marcantes do pré-modernismo são Euclides da Cunha (Os Sertões,1902), Graça Aranha (Canaã, 1902), Lima Barreto (O triste fim de Policarpo Quaresma, 1915) e Monteiro Lobato, autor de As Cidades Mortas, que denuncia a decadência econômica e o dia a dia das cidades cafeeiras.
O Realismo surge na França, no século 19, como resposta ao sentimentalismo exacerbado do Romantismo, e mergulha em uma crítica contra a sociedade burguesa. Na época, a Segunda Revolução Industrial estava no auge e o capitalismo estava em acelerada expansão.
O mundo romântico é substituído pelo desencanto e pela crença no material e no racional. No Realismo o mais forte e a prosa, as contradições sociais são retratadas e há valorização de uma narrativa lenta, que acompanha o tempo psicológico, linguagem culta e direta e descrições objetivas.
Machado de Assis (Foto: Wikipedia Commons)Salvar
Tal como aparece na obra de Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas, o protagonista é problemático, a mulher não é idealizada e o amor é subordinado a interesses sociais e à manipulação (um exemplo é a personagem Marcela, que o protagonista diz que amou-lhe “durante quinze meses e onze contos de réis”).
Outro autor relevante no movimento é Eça de Queiróz, que fazia críticas sociais ao clero e aos pobres e escreveu O Primo Basílio, A Cidade e as Serras e O Crime do Padre Amaro, representando o Realismo em Portugal.
O Romantismo nasceu na Europa no final século 18. Já no Brasil, começou a se desenvolver no século 19. Foi a primeira escola a romper com os valores clássicos, provenientes dos séculos 15 e 16.
Johann Wolfgang von Goethe (Foto: Wikipedia Commons)Salvar
A escola romântica, burguesa por excelência, abandona o aspecto formal na poesia (verso branco e sem rima). Entre as características principais do romantismo, em especial na prosa, estão sentimentalismo intenso, pessimismo, amor platônico, idealismo da mulher amada, fuga da realidade, egocentrismo e nacionalismo.
Entre os autores principais do Romantismo estão o alemão Johann Wolfgang von Goethe, que publicou o romance inaugural do movimento (Os sofrimentos do jovem Werther, 1774). Outro autor importante é o português Almeida Garrett (Viagens na Minha Terra, 1845) e o brasileiro José de Alencar, autor de O Guarani (1857) e Iracema (1865).
O movimento surge na eclosão da Revolução Industrial e faz contraponto ao desenvolvimento das máquinas, da indústria e das grandes cidades ao ressaltar a natureza e a atmosfera bucólica. O arcadismo é bastante idealizado e se opõe à desarmonia do Barroco.
Também conhecido como Neoclassicismo, o Arcadismo resgata princípios da Antiguidade Clássica e busca sempre a conciliação entre o homem e os elementos da natureza. Os ideais iluministas da Revolução Francesa, como o racionalismo, também são louvados.
Tomás António Gonzaga (Foto: Wikipedia Commons
Os poemas são geralmente em forma de soneto (dois quartetos e dois tercetos, normalmente com dez sílabas poéticas) e há temática bucólica e idealizada sobre o amor (geralmente entre pastores), beleza estética e viver o momento presente (carpe diem).
Em Portugal, destaca-se António Dinis da Cruz e Silva, autor do poema O Hissope e Odes Pindáricas. No Brasil, o movimento chega por volta de 1768, marcado pela publicação de Obras, do poeta Cláudio Manuel da Costa.Também temos como representante do Arcadismo o brasileiro Tomás Antônio Gonzaga, autor de Marília de Dirceu, Tratado de Direito Natural e Cartas Chilena
O Barroco marca uma crise dos valores renascentistas e mostra um mundo no qual há um combate entre fé e razão. A Igreja havia sido questionada pelas reformas protestantes e o barroco vai em defesa da religião católica, em um movimento ligado à contrarreforma.
O período é marcado por contradições, sobretudo a do homem que quer a salvação, mas ao mesmo tempo usufrui dos prazeres mundanos. Destaca-se na literatura os sermões do Padre Antônio Vieira, um português que ingressou na Companhia de Jesus, cuja obra principal é o Sermão da Sexagésima.
Padre Antônio Vieira, autor de Sermão da Sexagésima (Foto: Wikipedia Commons)Salvar
Outro autor essencial no período do barroco foi Gregório de Mattos, conhecido por seus poemas satíricos, líricos e eróticos. Em suas obras Buscando a Cristo e A Cristo N. S.Crucificado, ele procura mostrar a insignificância do homem perante ao divino e fala do pecado e da busca pelo perdão.
De Mattos também gostava de criticar a sociedade baiana e, por causa do seu tom crítico e ácido, ganhou o apelido de “Boca do Inferno”. Um de seus poemas do período criticava um político baiano e é chamado de A cada canto um grande conselheiro.
A estética literária do Classicismo surgiu a partir do movimento cultural do Renascimento. Foi inspirada no fim do contexto medieval religioso e na retomada de valores clássicos racionais da antiguidade. O capitalismo começava e a Idade Média acabara, marcando o nascimento da Idade Moderna na Europa.
As Grandes Navegações tinham feito com que o homem do início do século 16 se sentisse orgulhoso e daí surgiram as ideias de racionalismo e antropocentrismo, noção humanista de que o homem estaria à frente de tudo, inclusive de Deus.
Luiz Vaz de Camões (Foto: Wikipedia Commons)Salvar
As características principais do Classicismo são a valorização da cultura greco-romana clássica e a mitologia pagã, a influência do pensamento humanista, perfeição estética e a procura por um ideal de beleza proveniente da Antiguidade Clássica.
Luiz Vaz de Camões é o grande nome do Classicismo e seu poema mais conhecido é Os Lusíadas, escrito em dez cantos, com 1102 estrofes (compostas em oitava-rima e versos decassílabos) e cinco partes.
O herói do poema épico de Camões é o próprio povo português e ele conta a história da viagem de Vasco da Gama em seu caminho para as Índias. Podemos também destacar os escritores Dante Alighieri, Petrarca e Boccacio.