CAROLINA MARIA DE JESUS

Apesar de ter vendido 10 mil cópias de seu primeiro livro em uma semana, Carolina Maria de Jesus é uma autora brasileira pouco conhecida. Nascida em Minas Gerais, em uma comunidade rural, ela começou a frequentar a escola aos sete anos, onde aprendeu a ler e escrever. Após a morte de sua mãe, ela se mudou para São Paulo – desempregada e grávida, instalou-se na favela de Canindé, na Zona Norte da capital paulista. O hábito da escrita veio com a intenção de retratar o cotidiano da favela nos cadernos que recolhia como catadora de papel.

Com Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada (1960) traduzido para 16 idiomas e vendido em 40 países, Carolina ganhou destaque e se mudou para Santana, em São Paulo. De lá foi para Parelheiros, região com atmosfera de interior, local que lhe lembrava a infância. Ainda viva, publicou mais três livros; após falecer de insuficiência respiratória em 1977, aos 62 anos, outros seis foram publicados – tudo baseado nos diários e anotações feitos por ela durante a vida. Carolina Maria de Jesus dá nome à escola que é parte da trama de Segunda Chamada, nova série da Rede Globo que estreia nesta terça-feira (08/10).

Abaixo, confira 5 livros para conhecer melhor a escritora brasileira. E se quiser se aprofundar ainda mais, não deixe de ler Carolina: uma biografia (Editora Malê), de Tom Farias.

JOÃO UBALDO RIBEIRO: A Casa dos Budas Ditosos

A casa dos budas ditosos é um livro do escritor João Ubaldo Ribeiro, publicado inicialmente na série “Plenos Pecados” da Editora Objetiva, em 1999. O pecado-tema do livro é a luxúria.  O livro é narrado por uma mulher de 68 anos, nascida na Bahia, falando de sua própria vida, e de como jamais se furtou a viver – com todo o prazer e sem respingos de culpa – as infinitas possibilidades do sexo.[

JOÃO UBALDO RIBEIRO: Noites Lebloninas

Noites Lebloninas

Não é o melhor livro de João Ubaldo Ribeiro, mas é extremamente interessante de ler. Primeiro por ser o último livro do escritor, que faleceu antes de terminá-lo. Em seguida, por ser uma obra formada por dois contos sobre a boemia carioca e que mostra como o escritor também tinha imensa qualidade ao escrever textos curtos. Pena, porém, que não conseguiu terminar Noites Lebloninas a tempo. Na memória de quem o ler, apenas a imaginação do que mais viria pela frente e a certeza de que João Ubaldo Ribeiro era um escritor à frente de nosso tempo.

JOÃO UBALDO RIBEIRO: O Feitiço da Ilha do Pavão

O Feitiço da Ilha do Pavão

Passado na Ilha do Pavão, este incrível livro de João Ubaldo conta a história de um microcosmo de uma sociedade de colonizadores portugueses, índios e negros. Com isso em mente, o escritor baiano começa a discutir a representação do povo brasileiro desde sua colonização até seu momento atual, mostrando todos os caminhos que a sociedade percorreu. É um mergulho de cabeça na identidade do Brasil e que te faz sair diferente de quando começou a leitura.

JOÃO UBALDO RIBEIRO: O Sorriso do Lagarto

O Sorriso do Lagarto

É um livro menos conhecido do escritor baiano, mas não menos impressionante. No centro da história, João Pedroso, um cético biólogo que abandonou tudo para se tornar pescador na ilha de Itaparica, criando uma nova vida de conversas profundas e questionamentos existenciais. No entanto, tudo é abalado quando ele se envolve com Ana Clara, esposa de um corrupto político local, e quando ele entra numa intriga local que pode ameaçar o meio ambiente. O livro tem ar de thriller ambiental, mas chama atenção por suas personagens complexas.

JOÃO UBALDO RIBEIRO: Sargento Getúlio

Sargento Getúlio

É o livro que alçou João Ubaldo para uma fama internacional. Passado inteiramente no nordeste, durante a década de 1950, o livro acompanha Getúlio Santos Bezerra, homem de confiança de um poderoso coronel que precisa levar um preso político até Aracaju. No meio do caminho, porém, uma reviravolta política faz com que as ordens se alterem na vida do tal Getúlio. Cheio de personagens fascinantes, João Ubaldo fez o que sempre teve de melhor: escancarou verdades por meio de uma bela história individual. Trabalho impressionante de escrita.

JOÃO UBALDO RIBEIRO: Viva o Povo Brasileiro

Viva o povo brasileiro

Livro urgente, importante e extremamente relevante para a realidade brasileira. Ainda que tenha sido escrito na década de 1960, este calhamaço de mais de 600 páginas conta e, em alguns momentos, reconta a história do Brasil. Apesar de se passar grande parte no século XIX, o livro conta com passagens nos anos de 1600 e em outros momentos mais recentes de nossas vidas, como no ano de 1977. E que maravilha é ler sobre a Guerra do Paraguai e Canudos pela escrita de João Ubaldo! Sem dúvidas, deveria ser leitura obrigatória no Ensino Médio.

LYGIA FAGUNDES TELLES: A Disciplina do Amor

A DISCIPLINA DO AMOR

Ao publicar “A disciplina do amor”, em 1980, a autora já era consagrada. Apesar de seu êxito como romancista, muitos críticos tinham apontado a ficção curta como o território de maior maestria da escritora. Agora ela ressurgia experimentando uma escrita mais livre, que despreza as fronteiras entre a ficção e a realidade, a invenção e a memória, o conto e o relato autobiográfico. Estava lançado o desafio à separação rígida dos gêneros literários. O resultado foi um dos livros mais bem-sucedidos, vencedor do Prêmio Jabuti e do prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte. Espécie de paródia amadurecida de um discurso da intimidade juvenil, o livro estende sobre o mundo um olhar atento, às vezes desencantado, mas sempre compreensivo e terno, na busca incessante da única hipótese de sabedoria cabível nos tempos modernos: “controlar essa loucura razoável”, seguindo o exemplo da “disciplina indisciplinada” dos apaixonados.

LYGIA FAGUNDES TELLES: Seminário dos Ratos

SEMINÁRIO DOS RATOS

Em “Seminário dos Ratos”, publicado pela primeira vez em 1977, a autora lança mão de toda a sua maestria narrativa para explorar regiões recônditas da psique e do comportamento humanos. Em várias das suas catorze histórias, ela se aventura pelo fantástico como modo privilegiado de acesso ao real. Mas o fantástico de Lygia recusa as facilidades do chamado realismo mágico, apresentando-se a cada vez de maneira diversa e surpreendente. Alternando tempos narrativos, passando com desenvoltura da primeira à terceira pessoa, usando com destreza o discurso indireto livre, Lygia Fagundes Telles atinge neste livro a proeza de conciliar uma construção literária altamente complexa com uma capacidade ímpar de comunicação com o leitor.

LYGIA FAGUNDES TELLES: As Meninas

AS MENINAS

Num pensionato de freiras paulistano, em 1973, três jovens universitárias começam sua vida adulta de maneiras bem diversas. A burguesa Lorena, filha de família quatrocentona, nutre veleidades artísticas e literárias. Namora um homem casado, mas permanece virgem. A drogada Ana Clara, divide-se entre o noivo rico e o amante traficante. Lia, por fim, milita num grupo da esquerda armada e sofre pelo namorado preso. “As Meninas” colhe essas três criaturas em pleno movimento, num momento de impasse em suas vidas.

CLARICE LISPECTOR: A Descoberta do Mundo

A descoberta do mundo (1984)

Clarice exerceu o jornalismo desde 1941, quando ingressou como repórter na Agência Nacional. A descoberta do mundo é um livro de crônicas compiladas após sua morte e escritas para o Jornal do Brasil, nas quais discorre sobre temas variados: acontecimentos recentes ou cotidianos, suas angústias e indagações acerca da existência. Sua coluna foi um espaço de aproximação e diálogo com os leitores, no qual respondia a cartas e conversava sobre textos anteriores

CLARICE LISPECTOR: A Hora da Estrela

A hora da estrela (1977)

Lançado pouco antes do falecimento da escritora, em 1977, A hora da estrela é protagonizado pela solitária Macabéa, alagoana que trabalha como datilógrafa no Rio de Janeiro. Clarice está presente na obra na forma do escritor Rodrigo S. M., que está à espera da morte e escreve essa história “na hora mesmo em que sou lido”. Desprovida de atrativos, Macabéa passa as horas vagas ouvindo o rádio e namora o metalúrgico nordestino Olímpico, que acaba a deixando para ficar com Glória. A protagonista continua sozinha até que um dia, seguindo uma recomendação de Glória, visita uma cartomante que revela toda a inutilidade de sua vida, mas também prevê o casamento com um estrangeiro rico.

Clube do Gueto