LITERATURA: Quinhentismo

Quinhentismo (1500 – 1601)

O Quinhentismo foi a primeira manifestação literária do Brasil e tem esse nome pelo fato da literatura nacional ter começado no ano de 1500, época da colonização portuguesa. Por isso, as obras não eram ligadas ao povo brasileiro, mas aos colonizadores europeus.

Faz parte do Quinhentismo a literatura de informação produzida pelos viajantes portugueses no período do Descobrimento do Brasil e das Grandes Navegações. Os textos eram simples e adjetivados – a maioria deles crônicas de viagens, bastante descritivas. Mas também havia  literatura de catequese feita pelos jesuítas, na qual se abordava não só a conquista material, mas também a espiritual.

José de Anchieta foi um grande representante do quinhentismo no Brasil (Foto: Wikipedia Commons)
José de Anchieta foi um grande representante do quinhentismo no Brasil (Foto: Wikipedia Commons)

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Destacam-se autores como Pero Vaz de Caminha, que registrou suas primeiras impressões das terras brasileiras. A Carta a el-Rei Dom Manoel sobre a “descoberta” do Brasil, escrita por ele, foi o primeiro documento redigido sobre a história do país.

Outros autores do Quinhentismo são o padre jesuíta José de Anchieta (Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil , de 1595); o cronista português Pero de Magalhães Gândavo ( O Tratado da Terra do Brasil, de 1576) e o Padre Manuel da Nóbrega ( Tratado contra a Antropofagia, de 1559).

LITERATURA: Humanismo

Humanismo (1418-1527)

O Humanismo como movimento literário ocorre no período entre a Idade Média e o início da Idade Moderna. Em Portugal, foram produzidos três tipos literários no Humanismo: prosa, poesia e teatro. O movimento é marcado pela ideia de racionalidade, antropocentrismo (o homem no centro de tudo), o cientificismo, a beleza e a perfeição e a valorização do corpo humano.

Ilustração da edição original do Auto da Barca do Inferno, peça de Gil Vicente (Foto: Wikipedia Commons)

Ilustração da edição original do Auto da Barca do Inferno, peça de Gil Vicente (Foto: Wikipedia Commons)

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Havia a chamada crônica histórica, representada sobretudo por Fernão Lopes. A obra do autor contém ironia e crítica à sociedade portuguesa. No Humanismo também era comum a poesia palaciana, que reproduzia a visão de mundo dos nobres. Nessa poesia, o amor é sensual e a mulher deixa de ser tão idealizada quanto era no Trovadorismo.

Outra grande manifestação do período foi o teatro popular, cujo principal representante é Gil Vicente, autor de Auto da Barca do Inferno (1516). A obra dele está ligada a valores cristãos, visão maniqueísta (bem versus mal) e apresenta caráter moralizante. Outros títulos notáveis são Auto da Visitação (1502) e Farsa de Inês Pereira (1523).

LITERATURA: Trovadorismo

Trovadorismo (1189 – 1418)

O Trovadorismo surgiu em meados do século 11 na região da Occitânia – onde hoje estão França, Itália e Espanha. Os poemas da época eram feitos para ser cantados, e os artistas eram divididos entre Trovadores, que eram compositores de origem nobre, e Jograis, que eram servos, muitos deles, profissionais da música.

As cantigas trovadoras carregam características da Idade Média e muitas foram escritas em galego-portugués. Elas se dividem em Líricas (Cantigas de Amor e Cantigas de Amigo) e Satíricas (Cantigas de Escárnio e Cantigas de Maldizer).

Nas cantigas de amor, o tema mais desenvolvido é o amor não correspondido no qual o trovador destaca as qualidades da mulher amada (suserana) e se coloca em posição “inferior”, de vassalo.

Os textos dos trovadores medievais foram preservados em pergaminhos, como no Pergaminho Vindel (Foto: Wikipedia Commons)
Os textos dos trovadores medievais foram preservados em pergaminhos, como no Pergaminho Vindel (Foto: Wikipedia Commons)

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Nas cantigas de amigo o eu-lírico é uma mulher, embora os escritores da época fossem homens. Nessas obras, há a lamentação da dama perante a falta de seu amado, que é chamado de “amigo”.

Os principais autores do Trovadorismo são Ricardo Coração de Leão, Afonso Sanches, Dom Dinis I de Portugal, João Zorro, Paio Soares de Taveirós, Paio Gomes Charinho, entre outros. As cantigas estão em compilações de diversos autores, chamadas de cancioneiros. Os principais cancioneiros são o da Ajuda, o da Vaticana e o da Biblioteca Nacional.

GRANDES CLÁSSICOS: Os Irmãos Karamázov

O romance é o trabalho final de Dostoiévski – completado dois meses antes da morte do escritor. O enredo é complicado e explora questões desafiadoras, como liberdade, religião e ética.

Como alguns críticos sugerem, é um reflexo das diferentes etapas da vida do escritor, representadas pelos três irmãos. A narrativa é entrelaça uma história de assassinato, amor e questões sociais. É muito mais do que um mistério de um crime, é colocar em choque visões de mundo opostas.

Para ler este clássico não pode ter preguiça: são mais de mil páginas! Mas o trabalho – muitas vezes prazeroso – é compensador por explorar um dos temas mais presentes na nossa sociedade: o conflito entre a fé e a dúvida.

GRANDES CLÁSSICOS: Crime e Castigo

Um dos livros mais celebrados no mundo todo, Crime e Castigo trata das grandes tragédias humanas. A história de um homem pobre que comete um crime para sobreviver, mas depois luta com algo maior do que a pobreza: culpa extrema.

Ao longo do caminho, o leitor encontra algumas das criaturas mais baixas e lamentáveis ​​que habitam as ruas de São Petersburgo. Isso porque a realidade da maioria da população da Rússia czarista do século XIX era cercada pela pobreza e pela miséria.

Conforme definido pelo próprio Dostoiévski, o romance é uma obra psicológica, já que explora comportamentos patológicos dos seres humanos, além de ir fundo nas questões sobre os limites da moral e das leis.

GRANDES CLÁSSICOS: Cinco Minutos

Cinco Minutos, 1856

Cinco minutos foi das primeiras narrativas escritas por José de Alencar. Ainda no início da carreira, o escritor mantinha o estilo folhetinesco e casual. Nessa história breve, passada no Rio de Janeiro, o protagonista dirige-se diretamente a sua prima para contar um caso pessoal. Figura um tom intimista, quase como um segredo que se quisesse contar.

“É uma história curiosa a que lhe vou contar, minha prima. Mas é uma história, e não um romance. Há mais de dois anos, seriam seis horas da tarde, dirigi-me ao Rocio para tomar o ônibus de Andaraí. Sabe que sou o homem o menos pontual que há neste mundo; entre os meus imensos defeitos e as minhas poucas qualidades, não conto a pontualidade, essa virtude dos reis, e esse mau costume dos ingleses. Entusiasta da liberdade, não posso admitir de modo algum que um homem se escravize ao seu relógio e regule as suas ações pelo movimento de uma pequena agulha de aço ou pelas oscilações de uma pêndula.”

O protagonista, não nomeado, se atrasa e perde o ônibus que desejava. Assim, acaba se cruzando com Carlota, uma desconhecida até então por quem fica fissurado. Carlota tinha dezesseis anos, era muito doente, e havia se apaixonado pelo protagonista meses antes durante um baile. Por crer que a sua saúde perigava, decidiu não se declarar ao amado. Por fim, a menina se curou da doença e viveu feliz para sempre ao lado do amado.

A história contada por José de Alencar é um clássico romântico repleto de um afeto ingênuo e pueril.

GRANDES CLÁSSICOS: Esaú e Jacó

 

Esaú e Jacó

Uma história intrigante: os gêmeos Pedro e Paulo são idênticos fisicamente, mas opostos nas escolhas da vida. Enquanto um segue a carreira de Direito, o outro cursa Medicina. Quando decidem pela vida política, um fica do lado republicano e o outro é monarquista. Seguindo as previsões de sua mãe, Natividade, que preocupava-se com as brigas entre os irmãos mesmo antes de eles nascerem, os dois competem em tudo, inclusive pelo amor da mesma mulher, Flora.

Destaques: é um romance no qual Machado de Assis disseca ainda mais profundamente as transformações políticas e sociais de sua época. A obra é excelente para quem quer se aprofundar mais sobre o período de transição da monarquia para a república, pois descreve a época às vésperas da Proclamação.

GRANDES CLÁSSICOS: Quincas Borba

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Fonte: Reprodução.

Quincas Borba

A exemplo de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, a obra “Quincas Borba” segue a continuação de Machado de Assis no realismo e foi desenvolvido em formato de folhetim.

Esse romance foi escrito em terceira pessoa para narrar os acontecimentos na vida de Rubião, que ironicamente cairá em desgraça após receber uma herança. Entre os desdobramentos que seguem, estão a mudança de Rubião para o Rio de Janeiro e seu encontro com Cristiano e Sofia. O casal ficará motivado em se apoderar do dinheiro de Rubião, um moço ingênuo.

Destaques: Essa história tem como gatilho inicial um personagem que fez parte de outro livro de Machado de Assis: a herança de Rubião vem do filósofo Quincas Borba, que aparece em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. Rubião era discípulo de Quincas Borba e vai viver justamente o que seu mestre pregava como pensamento central: a ideia de que na vida só os fortes sobreviverão, por serem espertos, superiores. Já pessoas ingênuas tendem a ser manipuladas pelos mais fortes. Essa premissa é justamente a sina de Rubião que será manipulado por Cristiano e Sofia.

GRANDES CLÁSSICOS: Memórias Póstumas de Brás Cubas

Memórias Póstumas de Brás Cubas

Já imaginou um narrador contando sua história depois de morto? Pois Brás Cubas e seu tom carregado de ironia, em um texto cheio de metáforas e ricas descrições – marcas de Machado de Assis – é o personagem que acompanhamos nesta obra. O debate central é a crítica às aparências sociais e à elite, além das relações baseados no dinheiro, como o romance de Brás Cubas com Marcela, uma cortesã de luxo.

Você sabia? Antes de o livro ser oficialmente lançado como uma obra única, a história foi publicada primeiramente em folhetins, prática comum da época.

Destaques:  Outra curiosidade é justamente a característica mais peculiar de nosso narrador, que se autodenomina como defunto-autor. Esse recurso só aumenta o tom de acidez e ironia da escrita. Brás Cubas inicia o livro com uma dedicação aos vermes que roem seu caixão e diz que sua vida não deve mais ser julgada por ninguém, pois no estado em que se encontra, sua vida depende somente de como ele próprio a enxerga.

GRANDES CLÁSSICOS: O Alienista

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Fonte: Reprodução.

O Alienista 

Seria uma novela ou um conto mais longo? Críticos dividem-se nessa análise entre uma e outro. O livro de 1882 é um marco no Realismo Brasileiro, com uma história cheia de ironia em torno dos pensamentos e hábitos da sociedade. O que podemos considerar como loucura e o que seria sanidade? Quem comanda o rumo dessa história é Dr. Simão Bacamarte, o médico que estuda sobre loucura e cria a Casa Verde, um manicômio no qual interna diversas pessoas da cidade.

Destaque: o conflito entre ser racional e o que é o equilíbrio das faculdades mentais; o conflito entre a ciência e a religião. Machado de Assis envolve o leitor em sua trama com assuntos polêmicos e consegue traçar uma discussão acerca de como essas visões influenciam quem detém o poder.

GRANDES CLÁSSICOS: Dom Casmurro

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Fonte: Reprodução.

Dom Casmurro

O maior romance de Machado de Assis, “Dom Casmurro”, foi lançado em 1899. A história foi escrita em formato de lembranças de Bento Santiago, o Bentinho, narrando sua vida marcada pela relação com sua amada Capitu e o ciúme de seu amigo Escobar. O tom de sua narração é carregado de amargura e sofrimento, quando ele põe em cheque o caráter de Capitu. Teria sua amada o traído com seu melhor amigo? Esse é um dos maiores mistérios não revelados da literatura brasileira.

Destaque: Capitu é uma das figuras femininas mais importantes dos romances nacionais e Machado de Assis presenteou seus leitores ao criar essa bela e clássica descrição que ficaria no imaginário de seus leitores para sempre:  “olhos de cigana oblíqua e dissimulada” ou “olhos de ressaca”.

Clube do Gueto