Os Irmãos Karamazov – Fiodor Dostoievski
Sinceramente, não sei se há muito mais a se dizer sobre essa monumental, por volta de mil páginas, e derradeira obra de Dostoievski. A história é mais velha que a própria história do mundo: o embate entre pai e filho. O pai, Fiodor Pavlovich, é um velho avarento sem nenhum amor a alguém que não seja ele próprio, dado a esquecer que tem filhos e barganhar a herança deles quando a reclamam. Dimitri Fiodorovitch, o mais velho dos três filhos, foi criado pelo mundo e é dado a arroubos e arrebatamentos tal qual o pai. Beberrão e imprevisível, Dimitri Fiodorovitch é o filho que bate de frente com o pai por causa da herança. Os outros dois irmãos Karamazov, Ivan e Alexei, são outros dois personagens extremamente complexos como tantos outros (o primeiro é um intelectual que odeia o pai abertamente e que sofre por isso; o segundo é o herói de toda a narrativa, pois se há alguma bondade por essa longa história, ela está em Alexei). Claro, como bom romance de Dostoievski, alguém morre e assim somos nós levados por mais de quinhentas páginas até encontrarmos o culpado, a seus motivos e tormentos. Também passamos pelo capítulo mais perverso da Literatura Mundial, o Grande Inquisidor, poema que Ivan Fiodorovitch narra ao irmão Alexei Fiodorovitch, no qual nada menos que Jesus Cristo volta e se depara com a Santa Inquisição em Sevilha.