Em Busca do Tempo Perdido – Marcel Proust
Se uma vida cabe em páginas, esta é a de Proust – na clássica tradução de Editora Globo, na qual nomes como Manuel Bandeira, Drummond e Mário Quintana o traduziram, a vida de Proust mede 3938 páginas. Não há nada de épico nesse monumento literário que começa pelo simples fato do protagonista começar a rememorar a sua vida ao mergulhar uma Madeleine no chá (e isso já é lá pela página cinqüenta!). Tudo que temos é apenas a rememoração da vida de um francês um tanto afetado, asmático, dândi por natureza e freqüentador das altas esferas sociais da época. Entretanto não há como negar que apesar dos adjetivos maliciosos utilizados na frase anterior, Em Busca do Tempo Perdido é uma obra onde o autor escava a mais profunda das esferas humanas: as memórias. Enquanto o acompanhamos, passamos por salões cínicos, casos e mais casos – alguns são homossexuais, é claro – e a espera do beijo da mãe antes de dormir, entre outras tantas coisas. Nesse turbilhão sem fim que foi a vida do asmático Proust, vemos sua vida e sua obra nos fascinarem – e por que não, rememorar nossas próprias vidas?