CALHAMAÇOS DA LITERATURA: A Comédia Humana

A Comédia Humana – Honoré de Balzac

Diz a lenda que o jovem Balzac, fatigado depois de atravessar a cidade a pé devido a pobreza, chegou a casa da irmã feliz da vida dizendo: “eu tenho o mundo na minha cabeça.” Ela, achando que o irmão havia enlouquecido de vez, perguntou-lhe o que era “a vida” e ele não respondeu. E o que poderia ter dito Balzac à irmã? Que via todas as engrenagens da sociedade francesa da época e que iria compor um conjunto de romances em que a dissecava minuciosamente? Se tivesse dito isso, com certeza teria ido para o espaço a Comédia Humana (afinal, quem não acharia Balzac maluco ao ouvir dizer isso?). Até Marx se rende a grandeza da Comédia Humana, dizendo que aprendeu mais sobre a sociedade burguesa da época lendo Balzac do que outra coisa. O problema é que para dar o efeito e a complexidade que queria, Balzac teve de fazer muitos romances, a maioria deles longuíssimos, tamanha era a complexidade do novo mundo que ele via fervilhar pelas rumas de Paris. Eugénie Grandet e O Pai Goriot, os dois primeiros respectivamente, fecham um pouco menos que mil e cem páginas. Isso sem contar outros grandes, e longuíssimos, romances como Mulher de Trinta Anos, entre outros. Se Balzac queria descrever toda a engrenagem da França que ele via, com seus aristocratas falindo, pensões baratas, espertalhões a galgar posição social e todo resto, não poderia ter escrito menos.

Espalhe isto!

Deixe um comentário

Clube do Gueto