O ciclo
É a bola conduzida no pé do menino
É perceber que o rei não está em nossa barriga
Mas só na culpa da nossa fome.
É o lembrete de que juntos somos polvora
Que o mundo não gira só no nosso umbigo
É a fé na fera
Na coragem da mãe protegendo a cria
No diâmetro do balaio cheio
Fazendo a feira
Pra festa e pra farra
É a mesa farta
Infartando a miséria
E ainda que proíbam esperancice
Passei a imitar um redentor de sete anos a andar de bicicleta
Jogando sorriso na banguela
Descendo a ladeira da preguiça
E ainda que se comemorem os corpos tombados
Hei de achar mais rainha o ventre que abriga a vida
E ainda que ateiem fogo no pão e do circo restem migalhas
Desafio
Quem tocar meu pulso
E fechando os olhos
Não se confundir com o Maracanã lotado em dia de final
Com as ladeiras de Olinda em pleno carnaval
Lembre-se
Seu corpo, tua anarquia
Seu espírito um ato político
Lembre-se
Não existe fim, apenas novos começos
Não existe tropeço quando se alça voo
Vem
Esfera
É nossa pupila
Travestida de lua