10 GRANDES ADAPTAÇÕES: 2

6. A Lista de Schindler

Este é um filme norte-americano de 1993, intencionalmente a preto-e-branco, dirigido por Steven Spielberg e escrito por Steven Zaillian baseado no livro de Thomas Michael Keneally “Schindler’s Ark”.

No filme, como no livro, é apresentado um relato cuidadoso, fiel e dramático do que foi a luta do empresário alemão Schindler no sentido de proteger os judeus dando-lhes emprego na sua fábrica, garantindo-lhes assim a sobrevivência nos terríveis tempos do domínio nazi.

O livro de Keneally, “Schindler’s Ark”, coloca por escrito o depoimento de Mietek Pemper, um judeu sobrevivente do Holocausto, que relata a forma como Oskar Schindler salvou da morte nos campos de concentração mais de mil judeus.

Tanto o livro quanto o filme alcançaram enorme sucesso, tendo a versão cinematográfica ganho um Óscar de Melhor Filme.

7. The Shining

“O Iluminado” é um filme anglo-americano de terror psicológico, lançado em 1980, dirigido e produzido por Stanley Kubrick. O sucesso do filme foi crescendo com o passar do tempo e hoje em dia a opinião da crítica não hesita em classificá-lo como um dos maiores filmes de terror, ou mesmo um dos maiores filmes de todos os tempos.

Baseado no livro “The Shining” do escritor americano Stephen King é o relato da vida de uma família vitima das assombrações de um Hotel amaldiçoado.

Jack Torrance, assim se chama o personagem principal da história, aceita um lugar de zelador num hotel durante a época baixa, no intuito de conseguir tempo para se dedicar à escrita de um livro. Com ele seguem a esposa Wendy e o pequeno filho de ambos Danny. O petiz não é um rapazinho vulgar e o brilho que possui depressa lhe vai permitir aperceber-se de que toda a família está metida em sérios apuros com o sobrenatural.

Stephen King publicou este romance de horror em 1977 e foi o terceiro livro da sua bem-sucedida carreira de escritor, sendo visto como a obra que o consolidou no mercado como o “Mestre dos livros de terror”.

8. Anna Karenina

Filme britânico de 2012, dirigido por Joe Wright e adaptado por Tom Stoppard foi indicado aos Óscares de melhor design de produção, melhor fotografia, melhor trilha sonora e melhor figurino.

Baseado no romance do escritor russo Leo Tolstói publicado em 1877, este filme conquistou sucesso e admiração por entre o público, reunindo a opinião favorável dos críticos.

Considerado como sendo um dos livros mais importantes do realismo literário, “Anna Karenina” está entre as mais populares obras da história da literatura.

Na opinião de um grande número de escritores de todo o mundo, “Anna Karenina” é o melhor romance já escrito. Sobre este livro disse o próprio Tolstói ser o seu Primeiro Romance.

A história centra-se em torno da aristocrata russa Anna Karenina e dos seus amores e desamores extraconjugais com o impetuoso oficial Conde Vronsky, numa sociedade russa conservadora e preconceituosa.

9. Comer, Orar, Amar

“Eat Pray Love” é um filme que estreou em 2010, dirigido por Ryan Murphy e que teve uma receção moderada por parte do público e da crítica. Embora o desempenho de Julia Roberts no papel de Liz Gilbert tenha recolhido a admiração geral, faltou ao filme o lado espiritual que encantara antes os leitores da obra que deu origem ao guião do filme.

“Comer, Orar, Amar”, o livro autobiográfico que serviu de base ao filme, foi escrito pela americana Elizabeth Gilbert em 2006. Em 2010 esta obra estava considerada pelo New York Times como um dos mais admiráveis livros daquele ano, vendeu mais de 8 milhões de cópias um pouco por todo o mundo e manteve-se durante 158 semanas na lista dos livros mais vendidos.

A história centra-se na autobiografia da autora, Liz Gilbert que, aos 30 anos, decidiu procurar um rumo completamente novo para a sua vida. Desistiu da existência confortável que levava e partiu em busca de si mesma. Viajou, comeu, rezou e amou, e o que saboreou, sentiu e descobriu é relatado com pormenor e elegância ao longo de toda a obra.

10. Os Três Mosqueteiros

A última versão cinematográfica de “The Three Musketeers” aconteceu em 2011, em formato 3D. Apesar de na altura ter recebido várias críticas desfavoráveis devido a alterações feitas ao enredo original, o filme alcançou um sucesso significativo junto do público.

Adaptado do romance histórico de capa-e-espada escrito pelo francês Alexandre Dumas, em 1844 sob a forma de trilogia, “Os Três Mosqueteiros” foi um livro que alcançou um sucesso enorme.

Baseado em factos históricos ocorridos no séc. XVII, em França, nos reinados dos reis Luís XII e Luís XIV, e no período de regência entre esses dois reinados, “Os Três Mosqueteiros” relatam a amizade entre companheiros inseparáveis, Athos, Porthos, Aramis e D’Artagnan.

Por entre muitas lutas, muitas intrigas de bastidores e muito romance, a obra centra-se fundamentalmente no esforço feito pelos Mosqueteiros a fim de impedir uma guerra entre a França e a Inglaterra.

A lista de livros adaptados para o cinema poderia continuar indefinidamente, tantos são os títulos e obras. Por vezes o mesmo livro foi adaptado várias vezes para diferentes versões cinematográficas, em épocas e países variados. A evolução tecnológica veio provocar uma diferença enorme entre as adaptações mais antigas e as mais atuais, mas apesar disso mantém-se sempre presente a importância que a história de base tem para o sucesso de um filme. Não existem livros melhores, nem livros piores, existem livros diferentes uns dos outros. Da boa compreensão desta verdade dependem as boas adaptações para o cinema.

10 GRANDES ADAPTAÇÕES: 1

10 livros que foram adaptados para cinema

Desde os grandes clássicos da História a simples romances de cordel, o contributo da literatura para o sucesso do cinema é inquestionável. No próximo artigo vamos conhecer 10 dos livros que inspiraram obras cinematográficas e que saltaram da letra escrita para o grande ecrã:

1. Harry Potter

Quem não se lembra do pequeno feiticeiro Harry Potter e dos seus inseparáveis amigos Ronald Weasley e Hermione Granjer? Em permanente luta contra o malvado Lord Voldemort, Harry e os seus amigos estudavam feitiçaria na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

As aventuras destes heróis e dos respetivos professores atravessaram uma geração inteira de espetadores, que principiaram a assistir Harry Potter, produzido por David Heyman, no cinema por volta de 2001 e se despediram dos seus personagens em 2011.

Os oito filmes da saga Harry Potter tiveram origem numa coleção de sete romances inéditos de autoria da britânica J. K. Rowling. O primeiro romance da coleção foi lançado em 1997, e rapidamente “Harry Potter e a Pedra Filosofal” se tornou num dos grandes êxitos a nível mundial.

Os 450 milhões de cópias vendidas até 2015, englobando todos os livros da série, fez de Harry Potter um “best-seller” da história. Na verdade, os últimos quatro livros da coleção foram, à vez, considerados os livros mais vendidos de sempre em toda a história da literatura. A título de curiosidade pode dizer-se que o último livro da série vendeu mais de 11 milhões de exemplares nos EUA e isto nas primeiras 24 horas de pós-lançamento.

2. O Senhor dos Anéis

“The Lord of the Rings” é uma trilogia famosíssima de filmes produzidos por Peter Jackson, que desde 2001 até 2003 alcançou o sucesso e a admiração de espetadores e críticos.

Os três filmes foram rodados na Nova Zelândia, faturaram mais de 3 bilhões de dólares, receberam 17 Óscares de entre as 30 nomeações de que foram alvo, tiveram um orçamento estimado de 280 milhões de dólares e um tempo de produção que rondou os 8 anos. O “Senhor dos Anéis” está considerado como um dos maiores projetos financeiros jamais executados na história do cinema.

Baseado num livro escrito pelo britânico J. R. R. Tolkien, entre 1937 e 1940 e com fortes inspirações em etapas da Segunda Guerra Mundial, esta obra literária foi publicada entre 1954 e 1955, sob a forma de três volumes separados. Depressa se transformou num êxito de vendas. Foi traduzido em mais de 40 línguas e vendeu mais de 160 milhões de exemplares, tornando-se num dos mais populares trabalhos literários de todo o século XX.

A narrativa acontece num mundo de ficção localizado na Terceira Era da Terra Média, inspirado na Terra real mas sob o ponto de vista de uma Europa mitológica onde coabitam várias espécies tais como os Hobbits, Anões, Humanos, Elfos, Ents e Orcs.

O tema central é o conflito eterno entre o Bem e o Mal, numa tentativa desesperada para que o “Anel do Poder” não torne a cair nas mãos do seu criador Sauron, Senhor do Escuro. O anel é o elemento centralizador de todas as três partes da história e o sucesso que alcançou tanto nos livros, quanto no cinema foi impressionante.

3. O Meu Pé de Laranja Lima

Este filme foi dirigido por Aurélio Teixeira e lançado pela primeira vez em 1970. Em 2012 uma nova versão da mesma história foi levada de novo ao cinema, dirigida por Marcos Bernstein e exibida durante o Festival do Rio, no Brasil em 2013.

Baseado no romance juvenil do escritor brasileiro José Mauro de Vasconcelos, “O Meu Pé de Laranja Lima” conta a história triste de um rapazinho de seis anos de idade que se vê constantemente envolvido em grandes confusões, um pouco por culpa do seu espírito traquinas e irreverente, mas um pouco também por incompreensão por parte dos adultos.

O livro “O Meu Pé de Laranja Lima” foi publicado em 1968, traduzido para 52 línguas e publicado em 19 países. Foi considerado como de literatura obrigatória nas escolas brasileiras e foi alvo de várias adaptações também para televisão e teatro, além do cinema.

4. Os Maias

A mais recente versão cinematográfica de “Os Maias” estreou em 2014 e foi escrita e realizada por João Botelho, tratando-se de um coprodução entre Portugal e Brasil, Esta versão cinematográfica de “Os Maias” contava com a participação de atores e atrizes dos dois países.

Baseado num dos mais célebres romances do escritor português Eça de Queirós, “Os Maias”, o filme permaneceu fiel à ideia base da história que conta a trajetória de uma família ao longo de três gerações, com principal relevo para o amor incestuoso de Carlos Eduardo e Maria Eduarda.

O livro “Os Maias”, de Eça de Queiroz, foi publicado no Porto, Portugal, em 1888 e tem sido ao longo dos anos alvo de imensos estudos e interpretações, sendo de leitura obrigatória nas escolas portuguesas, e constituindo uma poderosa ferramenta de crítica aos costumes e à sordidez de um Portugal de há mais de 100 anos atrás.

5. O Monte dos Vendavais

“Wuthering Heights”, ou “O Morro dos Ventos Uivantes”, ou ainda “O Monte dos Vendavais”, foi adaptado para o cinema pela primeira vez em 1920, por Albert Victor Bramble.

No ano de 1939, Wiliam Wyler dirigiu a nova versão de “O Monte dos Vendavais” com assinalável sucesso. Na sua época este filme foi candidato a oito Óscares mas conseguiu vencer apenas numa das modalidades: a da melhor fotografia a preto-e-branco.

Em data mais recente, 2012, uma nova versão do filme foi dirigida por Andrea Arnld facultando uma visão mais modernizada da mesma história.

Ambos os filmes foram baseados no romance “Wuthering Heights”, da britânica Emily Brontë, que em 1847 lançou este que viria a ser o seu único livro.

Hoje em dia esta obra é vista como um clássico da literatura inglesa, mas na época da sua publicação a autora recebeu diversas críticas devido à natureza da história, que muitos afirmavam ser sórdida.

Toda a narrativa se baseia na história dramática da família dos proprietários de uma quinta “Granja da Cruz dos Tordos”, situada em Yorkshire, Inglaterra. Com laivos de sobrenatural, paixão, ciúme, ódio e amor intemporal este romance resultou maravilhosamente quando transposto para o cinema, nada perdendo do seu mistério e da sua magia.

OS LIVROS MAIS TRADUZIDOS (2)

6 – Contos de Christian Andersen (1835 -1852), de Hans Christian Andersen

Trata-se duma das maiores colecções de contos de fadas, alguns dos quais bastante conhecidos. A obra original foi escrita em dinamarquês, mas as traduções chegam a 153 idiomas. Muitas dessas histórias foram adaptadas ao cinema, inclusive pela Disney.

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7- Vinte Mil Léguas Submarinas (1870),  de Julio Verne

Julio Verne publicou uma série de livros de ciência e ficção, mas este foi o livro que o tornou mais popular. Podemos encontrá-lo em 148 idiomas e a obra também foi adaptada para o cinema.

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8 – Asteríx (1959-2010), de René Goscinny e Albert Uderzo

A obra é composta por diversos livros de banda desenhada escrita em francês. Com bom humor, conta as histórias de guerreiros gauleses que resistem à invasão romana. A obra foi traduzida para 112 idiomas e também chegou ao cinema.

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9 – As Aventuras de TinTim (1929-1976), de Hergé

TinTim é um jovem jornalista que adora resolver mistérios. A obra foi escrita em francês e reúne vários livros de banda desenhada. Já foi traduzida para 96 idiomas, tem desenhos animados e até mesmo um filme.

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10 – Pippi das Meias Altas (1945), de Astrid Lindgen

Um livro de origem sueca que conta as aventuras de Pippi das Meias Altas, uma jovem com uma personalidade especial. O livro já foi traduzido para 70 idiomas e também adaptado ao cinema e a televisão.

OS LIVROS MAIS TRADUZIDOS (1)

O livro mais vendido da história é também o que foi mais vezes traduzido. Está, neste momento, traduzido em 2883 idiomas. “O Velho Testamento” foi traduzido para 1329 línguas diferentes e “O Novo Testamento” para 531 línguas.
Não existe uma tradução original. A Bíblia foi escrita em diversas línguas, incluindo línguas mortas como o aramaico.

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2 – Pinóquio (1883), de Carlo Collodi

A história que conhecemos do boneco de madeira que quer ser criança é um pouco diferente da original escrita em italiano. O livro foi traduzida para 260 idiomas e também já foi adaptado ao cinema.

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3 – O principezinho (1943), de Antoine Saint Expéry

Um lindo clássico da literatura que devia ser lido por todas as criança e por todos os adultos. Foi escrito em francês e já foi traduzido para 253 idiomas diferentes. Também já foi adaptado para o cinema diversas vezes.

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4 – O Peregrino (1678), John Bunyan

Um livro que mistura aspectos históricos e teologia dentro de um relato de ficção. A obra está disponível em 200 idiomas.

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5 – Alice no País das Maravilhas (1865), de Lewis Carroll

Um livro classificado para adolescentes, e que é considerado um labirinto filosófico. Escrito originalmente em inglês, foi traduzido para 174 idiomas e adaptado diversas vezes ao cinema.

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LIVROS COMPLEXOS: Finnegans Wake

5. Finnegans Wake, de James Joyce

De James Joyce podíamos ter escolhido Ulysses, mas pareceu demasiado óbvio. Quando o leitor se queixa do esforço necessário para ler Finnegans Wake (1939), tenha em mente o que custou ao autor escrever esse romance, durante quase duas décadas. O intrigante é que começou logo depois de completar seu monumental Ulysses (1922), obra que, em suas próprias palavras, o deixara “esgotado”. É claro que o escritor irlandês tirou forças de algum lugar, porque Finnegans Wake tem 628 páginas, para as quais teve que se desfazer de quase 15.000.

Usou uma linguagem inventada, misturando unidades léxicas do inglês com neologismos, e o encheu de trocadilhos que fazem com que seja realmente difícil compreendê-lo. A estrutura ajuda pouco: não é linear, mas, como ele chamou, “esférica” onde tudo que é contado sobre a família Earwicker e seu ambiente é ao mesmo tempo o início e o fim da história. Os poucos que conseguiram terminá-lo (e entender), como o escritor Anthony Burgess, afirmam que “morreram de rir em cada página”. Parabéns, senhor Burgess.

LIVROS COMPLEXOS: 2666

4. 2666, de Roberto Bolaño

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Muitos dos consultados atribuem ao tamanho a dificuldade de acabar esse romance. Não é de surpreender, o genialmente obscuro autor chileno planejou que seriam cinco livros separados publicados depois de sua morte em 2003, como legado econômico aos seus descendentes. Seus filhos, no entanto, deixaram de lado a intenção econômica e preferiram transformá-los em um único grande romance. O resultado são mais de mil páginas com a pena ágil e turva de Bolaño percorrendo o que acontece na cidade imaginária de Santa Teresa, espelho da violenta Ciudad Juárez do México.

Há outro fator, no entanto, que o torna um encalhe mais ou menos na metade do livro. Conta a filóloga Josefina Lazcaray, uma voz autorizada pela devoção que sente pelo autor: “Me deprime. Bolaño tem uma escrita espetacular, mas nessa parte descreve um após o outro os assassinatos de mulheres, durante páginas e páginas que vão de entediante a angustiante sem interrupção. É como chegar a um terreno enlameado de horrores, que me impede de continuar com o que vem depois”.

LIVROS COMPLEXOS: Em Busca do Tempo Perdido

3. Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust

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A filóloga Josefina Lazcaray dá um conselho aos intrépidos que se aventurem a terminar os sete volumes que Proust escreveu ao longo de 14 anos: “Chegar até a página 80 do primeiro, e superar a famosa cena em que Proust lembra de sua infância enquanto molha um bolinho no chá”. O escritor parisiense escreveu esta obra de mais de 3.000 páginas entre 1908 e 1922, bem no ano que morreu, possivelmente esgotado por tal odisseia.

Muitos recomendam ler antes a biografia de Proust, porque Em Busca do Tempo Perdido consiste, em última análise, de reflexões sobre sua vida. Mas voltemos à página 80: “É um romance muito complicado pela sintaxe tão própria e complexa de Proust, a ausência de pontos em passagens longuíssimas nas quais vai unindo ideias diferentes e é fácil se perder. Mas quando você passa o episódio do bolinho, o cérebro se acostuma com a forma de escrever dele, e está pronto para o resto que, se você entender, acaba devorando”, diz Lazcaray. O caso dela não é normal. Poucos podem dizer que leram os sete volumes (“é um dos espinhos que tenho cravado”, diz Manuel Astur), e muito menos duas vezes, como a filóloga: “A primeira por prazer, quando tinha começado a universidade; a segunda, porque foi meu projeto de final de carreira. E descobri muitos detalhes novos. Recomendo”. Quem estiver disposto a imitá-la, deve dedicar uns meses a mais. Ou melhor um ano.

LIVROS COMPLEXOS: O Jogo da Amarelinha

2. O Jogo da Amarelinha, de Julio Cortázar

O escritor argentino definiu sua obra-prima O Jogo da Amarelinha (1963) como “contrarromance”. Através da história de seu protagonista, Horacio Oliveira, traça, em mais de 156 capítulos, uma vida completa, mas com estruturas que fogem do convencionalismo para entrar no surrealista. E não só no que conta, mas sobretudo em como o faz. Convida o leitor a compartilhar seu caos e lhe dá várias opções para ler o romance: existe a “normal”, do início ao fim. Também a “tradicional”, apenas até o capítulo 56, prescindindo do resto. Também a “anárquica”, ou seja, a ordem que o leitor quiser.

E, finalmente, a proposta por Cortázar, como um jogo, com uma sequência definida no “tabuleiro de direção” mostrado na primeira página, como uma espécie de Excel primordial. É uma grade na qual o leitor começa no capítulo 73, e daí vai saltando de um ao outro sem ordem aparente, para terminar no 131. Muitos são aqueles que dizem não ter passado da página tal ou da página qual. Mas essa confissão deve ser seguida da inevitável pergunta: em que ordem você o leu? É que O Jogo da Amarelinha é o único livro que, se for deixado pela metade, pode significar que você praticamente o terminou.

LIVROS COMPLEXOS: Ada ou Ardor

1. Ada ou Ardor, de Vladimir Nabokov

Caso típico de uma obra de arte aplaudida pela crítica e incompreendida pelo público. O genial autor de São Petersburgo escrevia tão bem que redigiu seu romance mais famoso, Lolita, em inglês, que não era sua língua materna (embora a dominasse desde a infância, pelo empenho de sua família aristocrática e de seus professores). O germe de Ada ou Ardor veio depois de ter se tornado mundialmente famoso com a história do professor viúvo obcecado por uma adolescente: logo depois de Lolita, se propôs a criar sua obra-prima (ainda não estava consciente de que já a tinha escrito), e Ada ou Ardor (1969) nasceu de dois projetos diferentes, duas crônicas de vida que acabaram sendo traçadas de tal maneira que ele decidiu que mereciam se tornar um único romance.

Talvez seja por isso que levou mais de nove anos para escrevê-lo. Nabokov sempre disse que queria ser lembrado por essa obra, embora sua narrativa arrevesada, cheia de acrobacias semânticas, alusões e duplos sentidos imperceptíveis para um leitor de inteligência mediana não tenha obtido o lugar universal que esperava. O poeta Manuel Astur vive uma contradição com esse livro: “Nabokov é um dos meus mestres, a grande inspiração para os meus livros. Mas este é um romance que me resiste, por mais que eu tente”.

POEMAS ÉPICOS (2)

6 – Os Contos de Canterbury, de Geoffrey Chaucer: Na obra, cada conto é narrado por um peregrino de um grupo que realiza uma viagem desde Southwark (Londres) à Catedral de Cantuária para visitar o túmulo de São Thomas Becket. A estrutura geral é inspirada no Decamerão, de Boccaccio.
7 – Eneida, de Virgílio: Poema épico latino e narra a saga de Eneias que é salvo dos gregos em Troia, e então viaja errante pelo mediterrâneo até chegar a Itália.
8 – A epopeia de Gilgamesh: Milagrosamente preservados em tabletes de argila decifrado apenas no século passado, o ciclo de poemas reunidos em torno do caráter de Gilgamesh, o grande rei de Ukruk, diz de sua longa e árdua jornada para a Fonte da Juventude, de seus encontros com monstros e deuses e de sua amizade com Enkidu, o homem selvagem das montanhas.
9 – Metamorfoses, de Ovídio: A estrutura de Metamorfoses constitui-se de 15 livros escritos em hexâmetro dactílico com cerca de 250 narrativas em doze mil versos compostos em latim,[4] e que transcorrem poeticamente sobre a cosmologia e a história do mundo, confundido deliberadamente ficção e realidade…
10 – Kalevala, de Elias Lönnrot: Epopeia da Finlândia, que para a escrever, Lönnrot reuniu uma extensa coleção de antigas canções populares que permaneceram vivas na tradição oral das populações finlandesas, sobretudo no distrito de Arcanjo na Carélia. O grande feito de Lönnrot foi conseguir costurar todas estas canções tradicionais numa única narrativa épica de considerável consistência.

POEMAS ÉPICOS (1)

1 – A odisseia, de Homero: Poema épico da Grécia antiga, que é em parte sequência da Ilíada. Retrata o retorno de Ulisses da Guerra de Troia, e ainda hoje é ima das leituras mais procuradas, e obrigatória nos vestibulares;
2 – Beowulf: De autor desconhecido é um poema épico anglo-saxão.. Com 3.182 linhas, é o poema mais longo do pequeno conjunto da literatura anglo-saxã e um marco da literatura medieval.
3 – Ilíada, de Homero: O poema conta pouco mais de 50 dias entre o décimo e o último ano da Guerra de Troia e versa sobre a ira da Aquiles, o moço do calcanhar sensível;
4 – A Divina Comédia, de Dante Alighieri: É dividida em três partes: inferno, purgatório e paraíso. Sua visão de inferno aliás, é considerada uma das mais tenebrosas da literatura;
5 – Paraíso Perdido, de John Milton: O poema descreve a história cristã da “queda do homem”, através da tentação de Adão e Eva por Satanás e a sua expulsão do Jardim do Éden.

Clássicos para se ler em um dia (III)

8. A metamorfose, de Franz Kafka (Companhia das Letras)

Nesse livro, Kafka nos fala sobre o caixeiro-viajante Gregor Samsa e como ele acabou se transformando em um terrível inseto. A narrativa une realismo e humor de forma melancólica, mas memorável. Clássico da literatura universal, A metamorfose é uma boa ideia para quem gosta de viajar sem sair da poltrona.

9. Antígona, de Sófocles (L&PM)

Uma das mais importantes tragédias gregas, esse livro narra a história de Antígona, uma mulher que abala a tirania e a sociedade sozinha numa época em que apenas homens podiam participar da política. Esse é um clássico da literatura universal que traz ensinamentos para a vida toda.

O livro começa com a morte do personagem principal, mas logo volta aos acontecimentos de sua vida e explica, de certa forma, como ela chegou ao fim. Escrita com maestria, essa é uma das obras mais célebres do russo Tolstói e foi lançada após uma pausa na carreira do autor.

Clube do Gueto