O meu pai pegou com as mãos rudes milhares de escudos de diamantes.A nós não deixou um só, nem sequer um salário de um mês. O diamante entrou-lhe no peito, chupou-lhe a força, chupou até que ele morreu.
O brilho do diamante são as lágrimas dos trabalhadores da campina. A dureza do diamante é ilusão: não é mais que gotas de suor esmagadas pelas toneladas de terra que cobrem.
Nasci no meio de diamantes, sem os ver. Talvez porque nasci no meio de diamantes, ainda jovem senti atração pelas gotas do mar imenso, aquelas gotas-diamante que chocam contra os cascos dos navios e saltam para o ar, aos milhares, com o brilho leitoso das lágrimas escondidas.
~~Mayombe- Pepetela