A Grande Luta

Hoje eu estava pensando sobre as grandes variedades que se tem para uma boa leitura. Existem pessoas que leem livros físicos, pessoas que leem livros digitais e pessoas que “leem” livros por meio de áudio.

Antes eu acreditava que todo leitor preferia o livro físico e que só recorria-se aos digitais quando o livro físico estava mais caro ou de difícil acesso, porém fiquei surpresa em saber quantas pessoas compram e preferem ler livros digitais também.

Posteriormente também conheci um outro método. Ouvir os livros por meio de áudios. Minha avó é uma senhora muito doce e culta, porém não tem a melhor das visões e sempre é tão agitada que não tem paciência de ficar parada lendo alguma coisa por muito tempo, então ela gosta bastante desses livros de áudio.

Engraçado que todos esses métodos para ler estão marcados na trajetória das minhas leituras. Na infância e pré adolescência eu lia muitos livros digitais porque meu pai não comprava livros para mim, e como eu era uma viciada em literatura, não tinha nem como acompanhar minha sede por leitura (só se eu fosse milionária para conseguir comprar e acompanhar todos os livros que eu lia). Depois, durante minha adolescência e vida adulta passei a rejeitar os PDFs e ser totalmente fiel aos livros físicos. E provavelmente, quando eu já for uma senhora com uma visão desgastada e impaciência demais para ficar parada, talvez eu adapte a ideia de livros por áudio kkkkk.

Mas a questão é qual o melhor jeito para ler? Comentem o que vocês acham.

Espalhe isto!

2 pensamentos em “A Grande Luta

  1. Cara Karen,

    Tua exposição pareceu-me assaz tacanha e, não obstante, enterneceu-me. À parte a inconveniente parentela renitente, creio compreender o drama desta idosa achacosa. Em semelhante condição encontra-se meu velho amigo e preceptor Nurendin Kacan: uma corruptela entranhada em seus olhos levou-o a abstinência de novas leituras e privou-lhe de mais tantos outros prazeres. Ser-me-ia doloroso descrever-lhe os desfalques morais e pecuniários os quais suportei para que meu mestre recuperasse, se não de todo, pelo menos parcialmente sua antiga visão de águia-imperial-paquistanesa.
    Talvez um dia venha a narrar-te meus episódicos esforços na busca de xamãs, bacharéis, doutores, santos, eremitas, demiurgos, prestigitadores, ministros da saúde, sacerdotes e fantásticos artefatos que pudessem combater aquela simples e tão natural enfermidade ocular que martirizava o mestre. Contenta-te, por hora, em saber que tudo foi em vão.
    Praticamente cego, Nurendin Kacan deu mostras de uma resignação jubilosa, quiçá heróica. Há qualquer coisa de verdadeiramente puro nas lágrimas dos cegos — foi o que pude observar numa noite invernal, de vento forte e lua amena.
    Ouvinte meticuloso desde tenra idade, Nurendin Kacan concedeu-me a honra de ser seu ledor. Nos serões noturnos, quando dispenso os criados e ponho para dormir todas as minhas cento e dezessete concubinas, dirigo-me ao gabinete de estudos, retiro o óculos de leitura de sua caixa forrada de verde veludo e recoberta de pedrarias preciosas originárias da tribo amazônida Ká-me-loh, e leio vastas passagens do Corão, relatos de antigas viagens, fábulas e tratados morais & philosophicos. Nurendin Kacan saboreia particularmente este último gênero de livros, pois relembra sua juventude, ao mesmo tempo ardente e discreta, no seio da Academia Real de Bagdá.
    Indagá-la-ei, senhorita Karen, se acaso não seria melhor que tu ou uma outra pessoa do teu círculo familiar lê-se em voz clara, alta e bem articulada, os textos que a pobre velhota compraz-se tanto em ouvir.
    Acredito que seria uma experiência alentadora e gratificante para ambas.

    Informado por terceiros desta curiosa invenção tecnológica, pude notar, porém, que a qualidade expressiva dos narradores é deveras aquém do conteúdo em si. Nestes tais milagrosos “áudios” reina a imperícia, o amadorismo digno dos antiquados locutores futebolísticos da Era do gramafone. Declamam versos com o mesmo tom patético e grandiloquente com que os políticos urram seus feitos para a plebe democrática, leem as cenas das tragédias gregas do mesmo modo que os âncoras de TV (que de nobre só possuem o horário) noticiam a última torção no tendão do atleta de cem metros rasos. Estender-me-ei sobre este tema em ocasião mais propícia, minhas saudações

    Príncipe Harun-al-rashid

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