SONHO OU VISÃO?
Tu vens rebuçado
Nas sombras da noite
Sentar-te em meu leito;
Eu sinto teus lábios
Roçar minhas faces
Roçar no meu peito.
Não sei bem se durmo,
Se velo ─ se é sonho,
Se é grato visão:
Só sei que arroubada
Deleita a minh’alma
Tão doce ilusão.
Depois, um suspiro
Que cala mais fundo
Que prantos de dor;
Que fala mais alto
Que juras ardentes,
Que votos de amor,
Vem lento ─ pausado
Do imo do peito
Nos lábios ─ morrer…
Eu amo de ouvi-lo,
Pois desses suspiros
Se anima o meu ser.
Mas, ah! não me falas…
Teus lábios, teu rosto
Só tem um sorriso.
Depois vaporoso
Vai todo fugindo
Teu corpo ─ teu riso.
Então eu desperto
Do sonho ─ ou visão,
Começo a cismar;
E ainda acordada
Invoco em delírio.
Falta o verso final desta estrofe, em todas as fontes.
Oh! Vem no meu sono
Imagem querida
Pousar no meu leito
Com lábios macios
Roçar minhas faces
Pousar no meu peito.
“Escritoras Brasileiras do Século XIX ─ Antologia”, páginas 283 e 284, Zahidé Lupinacci Muzart (organizadora), Editora Mulheres e Editora da Universidade de Santa Cruz do Sul (EDUNISC), Florianópolis, SC, 1999.