A PEQUENA SEREIA
A Pequena Sereia pode ser considerado um dos que mais tiveram mudanças pela Disney. O escritor do conto original é o dinamarquês Hans Christian Andersen e sua história é tão famosa por lá que, na cidade de Copenhagen, há uma estátua de sereia em uma pedra, no meio do mar.
A protagonista da história tinha mais cinco irmãs, todas criadas pela avó. Na “lei das sereias”, ao completarem 15 anos, ganhavam a permissão de ir à superfície. Quando chegou a vez da Pequena Sereia, ela salvou um príncipe de um naufrágio e se apaixonou por ele. Em seguida, procurou a bruxa do mar para lhe dar pernas, a fim de conquistar o amado. A bruxa concebeu o seu pedido em troca de sua língua, e além da Pequena Sereia ficar sem voz, cada vez que andasse sentiria dores como se estivesse pisando em facas. Se ela não conseguisse se casar com o príncipe, viraria espuma do mar (sereias, na verdade, viram espuma do mar ao invés de morrerem). A Pequena Sereia realmente fez o príncipe a amar, mas não como se ama uma esposa. Mais tarde, ele conheceu uma mulher e a confundiu com a sua salvadora, e assim decide se casar com ela.
No dia anterior ao casamento, as irmãs da sereia surgem com uma faca. Elas haviam feito um acordo com a bruxa: se a Pequena Sereia encravasse a faca no peito do príncipe, ela se livraria da maldição. Mas a sereinha o amava muito e não teve coragem de matá-lo. Suas lágrimas de amor verdadeiro a fizeram virar um espírito do ar, ao invés de espuma. E era isso que ela sempre quis e invejava nos humanos: ter uma alma.
A BELA E A FERA
A história original foi escrita por Gabrielle-Suzanne Barbot, em 1740. O pai de Bela era mercador e tinha três filhas. Quando ele viajava, as duas filhas mais velhas pediam coisas caras, exceto pela caçula Bela, que só queria uma rosa vermelha. Em uma de suas viagens, o mercador se perdeu e foi parar no castelo da Fera. Lá, ele roubou uma rosa para dar à Bela. A Fera o pegou no flagra e o obrigou a oferecer uma de suas filhas para ele. Bela foi a escolhida. Ao chegar no castelo, para a surpresa da jovem, a Fera a tratou como uma princesa e sempre a pedia em casamento, escutando um não como resposta todas as vezes. Um dia, Bela pediu para visitar o seu pai e a Fera permitiu, com a condição de voltar depois de dois meses. Certa noite, Bela sonhou que a Fera estava morrendo e correu de volta ao castelo, preocupada. Quando ela chegou, a Fera realmente estava em seu leito de morte. Deparada com tal situação, Bela finalmente percebeu que o amava e fez com que seu amor o transformasse em um lindo príncipe.
Dizem que o conto foi inspirado numa história real, ocorrida no século XVI, quando a rainha Catarina de Médici arranjou o casamento entre Petrus Gonsalvus e a filha de um funcionário da corte francesa, também chamada Catarina. Petrus era um rapaz gentil, porém sofria de hipertricose, o que fazia com que todo seu corpo fosse coberto de pêlos. O objetivo da rainha com este casamento era saber se ele era capaz de se comportar como cavalheiro e gerar filhos, ao mesmo tempo que queria despertar o lado “animal” de Petrus, o oferecendo uma bela dama como esposa. Quando a noiva o conheceu, quase desmaiou, mas a união foi próspera, visto que o casal gerou sete filhos, sendo que quatro deles herdaram a condição humana do pai e foram doados como animais de estimação para aristocratas. Mais tarde, Petrus e Catarina se retiraram para a Itália, onde viveram até o fim de seus dias.

Catarina e Petrus
A BELA ADORMECIDA
O conto é originário da França, escrito em 1697 e, mais tarde, ganhou uma versão dos irmãos Grimm.
Mais por uma premonição do que por uma maldição, uma bela princesa teve o seu dedo envenenado por uma farpa de linho. Muito triste, o rei colocou sua filha em uma cadeira de veludo, em um cômodo no meio da floresta e a tranca para sempre. Certo dia, um outro rei estava passando por ali e ficou encantado com a beleza da princesa. Ele, então, a estuprou e partiu. Sem saber, o rei acabou engravidando a princesa morta e, meses depois, ela deu a luz a gêmeos.
Um dos bebês, procurando por alimento, começou a chupar o dedo da mãe. Ele chupou com tanta força que conseguiu retirar o veneno e a fez despertar novamente. A esposa do rei acaba descobrindo tudo e manda lançar, mãe e filhos, na fogueira. Mas, na hora do ato, o rei joga a sua esposa no lugar da princesa e os gêmeos, e eles se tornam marido e mulher.
A PRINCESA E O SAPO
Também criado pelos alemães Grimm, a história, na verdade, tem outro nome: O Sapo Príncipe.
Um rei de um reino distante tinha belas filhas. A mais bela e mais mimada adorava brincar com a sua bola de ouro no jardim. Um dia, a bola foi parar no fundo de um lago e a princesa pôs-se a chorar. De repente, surgiu um sapo, falando que se ele se tornasse o seu companheiro, ele a devolveria a bola. A princesa aceitou e o sapo cumpriu a sua promessa, diferente dela, que saiu correndo, deixando o sapo sozinho. O rei soube de sua mentira e obrigou a filha a trazer o sapo para casa. Desesperada e com nojo de tê-lo em sua cama, a princesa o joga contra a parede, e isso o transforma de volta em um príncipe, não um beijo apaixonado como no filme da Disney.
O CORCUNDA DE NOTRE-DAME
Escrito por Victor Hugo, na França, em 1831, o conto na verdade é intitulado Notre-Dame de Paris.
Por causa de sua deformidade, Quasímodo é abandonado, ainda bebê, na porta da catedral, e é adotado pelo arquidiácono Frollo. Este obtinha um desejo profundo pela bela cigana Esmeralda, que sempre fazia apresentações de dança nas praças públicas. Com medo de não conseguir conter a tentação, Frollo manda Quasímodo a raptar. Esmeralda, então, é salva por um grupo de arqueiros, liderado por Phoebus. A cigana se apaixona por ele, mas o comandante já era comprometido. Mesmo assim, os dois começaram a manter um caso. Sabendo disso, Frollo mata Phoebus e acusa Esmeralda de assassinato. Para se livrar de sua sentença, o religioso obriga a cigana a ter relações sexuais com ele. Ela não aceita e, no momento de seu julgamento, Quasímodo consegue a sequestrar e a leva para dentro da igreja, onde ninguém pode pegá-la.
Quasímodo cuida de Esmeralda a noite toda, mas os outros ciganos conseguem a achar e, aproveitando a confusão, Frollo se apossa da cigana novamente. Irritado com as recusas de Esmeralda, Frollo a tranca junto com uma velha louca. A prisioneira, ao invés de despedaçar Esmeralda, percebe que ela é, na verdade, a sua filha, e a poupa de todo o sofrimento. Porém a paz de Esmeralda dura pouco. Os guardas da catedral a encontram e a levam para a sua execução.
Quasímodo e Frollo estavam na torre, assistindo a tudo, quando de repente, movido pelo desespero, o deforme empurra o seu pai adotivo torre abaixo e, em seguida, desaparece para sempre.
POCAHONTAS
A história da índia americana é real. A Disney recebeu críticas dos descendentes de Pocahontas pela sua versão distorcida, fazendo com que houvesse a continuação do filme, em que mostra a protagonista ficando com o seu verdadeiro marido, John Rolfe.

Suposto retrato de Pocahontas
Na verdade, Pocahontas era apenas um apelido, que significa “criança mimada”. Seu nome era Matoaka e ela era filha de um dos chefes da tribo Powhatan, que ocupava quase todo o litoral do estado de Virginia.
Quando tinha 11 anos, Pocahontas conseguiu livrar o colono inglês John Smith, que seria morto pelo seu pai, em 1607. Smith era um homem que beirava os 30 anos e, graças a esse evento, a tribo Powhatan estabeleceu a paz com os ingleses. Ao contrário do filme da Disney, Pocahontas e John Smith nunca se relacionaram. Ele apenas a serviu como professor da língua e costumes ingleses. Em 1609, John Smith foi baleado e teve que voltar para a Inglaterra. Outros colonos afirmaram à Pocahontas que ele havia sido mordo.
Quando completou 17 anos, a índia foi capturada por ingleses e permaneceu na prisão por mais de um ano. Interessado pela jovem, o britânico John Rolfe a pede em casamento, em troca de sua liberdade, e ela aceita. Ao chegar na Inglaterra, Pocahontas passou a se chamar Rebecca. Ela teve um filho com Rolfe, a quem o batizou de Thomas. Lá, Pocahontas descobriu que John Smith estava vivo, mas na época não conseguiu encontrá-lo. Por sua vez, Smith mandou uma carta para a Rainha, pedindo para que tratassem a índia com nobreza. E, assim, fez com que Pocahontas se tornasse muito popular no reino e até ganhar a simpatia do Rei.
Em 1617, Pocahontas reencontrou John Smith e ela se disse decepcionada com ele, por não ter conseguido manter a paz entre a tribo e os colonos. Meses depois, a índia e seu marido estavam no navio, rumo aos Estados Unidos, porém uma possível pneumonia os fizeram retornar e, no mesmo ano, Pocahontas veio a falecer.
Curiosidade: o ex-presidente estadunidense George W. Bush é um possível descendente de John Rolfe, fruto de um casamento posterior.