Eclipse (Guimarães Rosa)

 

ECLIPSE

E nem mais existirá a esperança do trágico…

E no vazio,

em vão apelareis para as grandes catástrofes,

para a vaidade do ranger dos dentes,

para o pavoroso das formas não de todo feitas,

sob o terrível das forças verticais…

Sumirão as espadas suspensas de fios,

sumirá a mão que escreve nas paredes

do festim velho,

e a Esfinge dormirá nas areias eternas…

Somente o segredo, acordado, no caminho claro,

na encruzilhada de todos os caminhos,

andando na tua frente, desvendado,

mais difícil de crer do que de decifrar…

Teu pensamento, tua fé e teu desejo,

criando, à tua escolha, o teu destino…

E se fores forte,

olha bem para cima,

para ver como é sorrindo

que morre o teu Pai…

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