Deram-me fogo ao gesto terno – Vinicius de Moraes

DERAM-ME FOGO AO GESTO TERNO…

Rio de Janeiro , 2004

Oxford
Deram-me fogo ao gesto terno
Com que a matei de simpatia
Ao descrever-lhe o santo inferno
Do seu riso no dia.

Diria como eu me disse: – Vai
Ao velho adro ao pé do monte
E com tuas meigas mãos de pai
Faz jorrar essa fonte.

– Não! – ouvi eu a voz de um monge
Clamando viva em meu deserto.
Olha que a fonte fica longe
E o teu desejo perto.

E ao sol das doze em Ouro Preto
A minha jovem normalista
De pele branca e trança preta
Sumiu da minha vista.

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