Soneto da mulher casual – Vinicius de Moraes

SONETO DA MULHER CASUAL

Rio de Janeiro , 2004

Por não seres aquela que eu buscava
Nem do meu ontem nada recordares,
Por não haver, aquém e além dos mares,
Alguém mais relva e seda, avena e lava;

Por o efêmero e o vão me revelares
Dos ídolos antigos que adorava
E por assim sem cânticos chegares
Quando de tudo eu já desesperava;

E por seres feliz e por quereres
A alguém que é feliz, até o resto
De mim, quando talvez nem mais viveres,

Serás, inesperada e longe amiga,
Presente em todo pensamento, gesto
E palavra de amor que tenha e diga.

Espalhe isto!

Deixe um comentário

Clube do Gueto