Enfim chegamos à última leitura do meu clube do coração Leia Mulheres a leitura destruidora do conto “Papel de Parede Amarelo”, de Charlotte Perkins Gilman.
É um livro cheio de metáforas que flerta com o suspense, com o terror psicológico, com o medo, e pasmem, com o biográfico, pois a autora sofreu o mesmo tipo de tratamento pelo repouso, não lhe sendo possível, assim como a personagem, exprimir idéias.
Confesso que eu o li três vezes, a primeira como suspense, na segunda leitura me deparei com a crítica social, com uma voz feminista alertando sobre a violência sofrida pelas mulheres no aspecto do esquecimento social e no abandono da saúde mental, além do posicionamento quanto ao trabalho das mulheres frente ao seu “papel” de dona do lar.
E nesta madrugada li pela terceira vez, e minha experiência com este conto é um divisor de águas, destruidor de ilusões. O conto é uma grande metáfora sobre a vida da mulher, e é atemporal.
A personagem vai enlouquecendo pelo confinamento, no entanto, mesmo sendo uma mulher de seu tempo, ousa em trabalhar escondida (escrevendo), inclusive da cunhada, outra personagem mulher que se opõe ao movimento feminista da época, sendo aquela que faz às vezes da dona da casa e mãe. Para mim, é a personagem que mostra a ausência de sororidade.
O processo de perturbação entra em seu auge quando do papel de parede amarelo saltam outras mulheres exasperadas, entre o delírio e o socorro, o que reflete a atualidade, pois ainda sofremos com o abandono e o descaso de nossa saúde mental e física, não nos faltam estatísticas sobre exaustão feminina.
Fecho esse ano de Leia Mulheres com a certeza que as vozes femininas necessitam ser ouvidas mais vezes e mais alto, que nossas vidas devem ser tratadas com igualdade de direitos e de deveres, e que somos uma força inigualável, e que devemos reagir sempre contra qualquer violência contra mulheres, pois somos tratadas mal por esta sociedade machista e patriarcal pelo fato terem medo de mulheres que articulam idéias e as defendem com inteligência e astúcia.