Amor (Álvares de Azevedo)

Amemos! quero de amor
Viver no teu coração!
Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão!
Na tu’alma, em teus encantos
E na tua palidez
E nos teus ardentes prantos
Suspirar de languidez!

Quero em teus lábios beber
Os teus amores do céu!
Quero em teu seio morrer
No enlevo do seio teu!
Quero viver d’esperança!
Quero tremer e sentir!
Na tua cheirosa trança
Quero sonhar e dormir!

Vem, anjo, minha donzela,
Minh’alma, meu coração…
Que noite! que noite bela!
Como é doce a viração!
E entre os suspiros do vento,
Da noite ao mole frescor,
Quero viver um momento,
Morrer contigo de amor!

Os 70 maiores livros da literatura brasileira

1) Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, Minas Gerais (1956)
2) Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, Rio de Janeiro (1880)
3) Dom Casmurro, de Machado de Assis, Rio de Janeiro (1899)
4) Vidas secas, de Graciliano Ramos, Alagoas (1938)
5) São Bernardo, de Graciliano Ramos, Alagoas (1934)
6) A paixão segundo GH, de Clarice Lispector, nascida na Ucrânia e naturalizada brasileira, viveu em Pernambuco e no Rio de Janeiro
7) A rosa do povo, de Carlos Drummond de Andrade, Minas Gerais
8) Macunaíma, de Mário de Andrade, São Paulo
9) Educação pela pedra, de João Cabral de Melo Neto, Pernambuco
10) Claro enigma, de Carlos Drummond de Andrade, Minas Gerais
11) Os sertões, de Euclides da Cunha, Rio de Janeiro
12) A hora da estrela, de Clarice Lispector
13) Alguma poesia, de Carlos Drummond de Andrade, Minas Gerais
14) O tempo e o vento, de Erico Verissimo, Rio Grande do Sul
15) A invenção de Orfeu, de Jorge de Lima, Alagoas
16) Angústia, de Graciliano Ramos, Alagoas
17) Laços de família, de Clarice Lispector
18) Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto, Pernambuco
19) Menina morta, de Cornélio Pena, Rio de Janeiro
20) Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, Rio de Janeiro
21) Crônica da casa assassinada, de Lúcio Cardoso, Minas Gerais
22) Avalovara, de Osman Lins, Pernambuco
23) Crônica do viver baiano seiscentista, de Gregório de Matos, Bahia
24) Memorial de Aires, de Machado de Assis, Rio de Janeiro
25) Rútilo nada, de Hilda Hilst, São Paulo
26) A invenção do mar, de Gerardo Mello Mourão, Rio de Janeiro
27) As meninas, de Lygia Fagundes Telles, São Paulo
28) Esaú e Jacó, de Machado de Assis, Rio de Janeiro
29) Espumas flutuantes, de Castro Alves, Bahia
30) Memórias do cárcere, de Graciliano Ramos, Alagoas
31) O ateneu, de Raul Pompéia, Rio de Janeiro
32) Os velhos marinheiros e a morte e a morte de Quincas Berro d’agua, de Jorge Amado, Bahia
33) Poema sujo, de Ferreira Gullar, Maranhão
34) Contos do imigrante, de Samuel Rawet (nascido na Polônia, viveu no Rio de Janeiro e Brasília)
35) Corpo de baile, de Guimarães Rosa, Minas Gerais
36) Estrela da vida inteira, de Manuel Bandeira, Pernambuco
37) Incidente em Antares, de Erico Verissimo, Rio Grande do Sul
38) Lição das coisas, de Carlos Drummond de Andrade, Minas Gerais
39) Menino do engenho, de José Lins do Rego, Paraíba
40) Obra reunida, de Campos de Carvalho, Minas Gerais
41) O guesa errante, de Sousândrade, Maranhão
42) O mez da grippe, de Valêncio Xavier, São Paulo
43) O quinze, de Rachel de Queirós, Ceará
44) Perto do coração selvagem, de Clarice Lispector
45) Poemas negros, de Jorge de Lima, Alagoas
46) Primeiros cantos, de Gonçalves Dias, Maranhão
47) Sentimento do mundo, de Carlos Drummond de Andrade, Minas Gerais
48) Sinos da agonia, de Autran Dourado, Minas Gerais
49) Viva o povo brasileiro, de João Ubaldo Ribeiro, Bahia
50) Catrâmbias, de Evandro Afonso Ferreira, Minas Gerais
51) Crônicas reunidas, de Rubem Braga, Espírito Santo
52) Eles eram muitos cavalos, de Luiz Ruffato, Minas Gerais
53) Eu, de Augusto dos Anjos, Paraíba
54) Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado, Bahia
55) Galáxias, de Haroldo de Campos, São Paulo
56) Mação no escuro, de Clarice Lispector
57) O pirotécnico Zacarias, de Murilo Rubião, Minas Gerais
58) Pelo fundo da agulha, de Antônio Torres, Bahia
59) Relato de um certo oriente, de Milton Hatoum, Amazonas
60) Romance da Pedra do Reino, de Ariano Suassuna, Paraíba
61) Sagarana, de Guimarães Rosa, Minas Gerais
62) Estrela da manhã, de Manuel Bandeira, Pernambuco
63) Lavoura arcaica, de Raduan Nassar, São Paulo
64) Memórias sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade, São Paulo
65) O albatroz azul, de João Ubaldo Ribeiro, Bahia
66) O cão sem plumas, de João Cabral de Melo Neto, Pernambuco
67) O encontro marcado, de Fernando Sabino, Minas Gerais
68) Sítio do Pica-pau Amarelo, de Monteiro Lobato, São Paulo
69) Toda poesia, de Paulo Leminski, Paraná
70) Tu, não te moves de ti, de Hilda Hilst, São Paulo

O PEIXE

Tendo por berço o lago cristalino,
Folga o peixe, a nadar todo inocente,
Medo ou receio do porvir não sente,
Pois vive incauto do fatal destino.

Se na ponta de um fio longo e fino
A isca avista, ferra-a inconsciente,
Ficando o pobre peixe de repente,
Preso ao anzol do pescador ladino.

O camponês, também, do nosso Estado,
Ante a campanha eleitoral, coitado!
Daquele peixe tem a mesma sorte.

Antes do pleito, festa, riso e gosto,
Depois do pleito, imposto e mais imposto.
Pobre matuto do sertão do Norte!

Patativa do Assaré

A TERRA É NOSSA (Patativa do Assaré)

A terra é um bem comum
Que pertence a cada um.
Com o seu poder além,
Deus fez a grande Natura
Mas não passou escritura
Da terra para ninguém.

Se a terra foi Deus quem fez,
Se é obra da criação,
Deve cada camponês
Ter uma faixa de chão.

Quando um agregado solta
O seu grito de revolta,
Tem razão de reclamar.
Não há maior padecer
Do que um camponês viver
Sem terra pra trabalhar.

O grande latifundiário,
Egoísta e usurário,
Da terra toda se apossa
Causando crises fatais
Porém nas leis naturais
Sabemos que a terra é nossa.

Livros essenciais da Literatura Brasileira (PARTE 2)

  • Fernando Sabino: “O Encontro Marcado”
  • Ferreira Gullar: “Poema Sujo”
  • Graciliano Ramos: “Vidas Secas” e “São Bernardo”
  • Gregório de Matos: “Obra Poética”
  • Guimarães Rosa: “O Grande Sertão: Veredas” e “Sagarana”
  • João Cabral de Melo Neto: “Morte e Vida Severina”
  • João Ubaldo Ribeiro: “Viva o Povo Brasileiro”
  • Joaquim Manuel de Macedo: “A Moreninha”
  • Jorge Amado: “Gabriela, Cravo e Canela”
  • Jorge de Lima: “Invenção de Orfeu”
  • José de Alencar: “O Guarani” e “Lucíola”
  • José Lins do Rego: “Fogo Morto”
  • Lima Barreto: “Triste Fim de Policarpo Quaresma”
  • Luis Fernando Verissimo: “O Analista de Bagé”
  • Machado de Assis: “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e “Dom Casmurro”
  • Manuel Antônio de Almeida: “Memórias de um Sargento de Milícias”
  • Manuel Bandeira: “Libertinagem” e “Estrela da Manhã“
  • Mário de Andrade: “Macunaíma” e “Paulicéia Desvairada”
  • Mário Quintana: “Nova Antologia Poética”
  • Monteiro Lobato: “O Sítio do Pica-pau Amarelo“
  • Nelson Rodrigues: “Vestido de Noiva” e “A Vida Como Ela É”
  • Olavo Bilac: “Poesias”
  • Oswald de Andrade: “Serafim Ponte Grande” e “Memórias Sentimentais de João Miramar”
  • Plínio Marcos: “Navalha de Carne”
  • Raduan Nassar: “Lavoura Arcaica”
  • Rubem Braga: “200 Crônicas Escolhidas“
  • Vinícius de Moraes: “Nova Antologia Poética”

Livros essenciais da Literatura Brasileira

  • Aluísio Azevedo: “O Cortiço”
  • Álvares de Azevedo: “Lira dos Vinte Anos” e “Noite na Taverna”
  • Ariano Suassuna: “Romance d’A Pedra do Reino”
  • Bernando Guimarães: “A Escrava Isaura”
  • Carlos Drummond de Andrade: “A Rosa do Povo” e “Claro Enigma”
  • Castro Alves: “Os Escravos” e “Espumas Flutuantes”
  • Cecília Meireles: “Romanceiro da Inconfidência”
  • Clarice Lispector: “A Paixão Segundo G.H.”
  • Dias Gomes: “O Pagador de Promessas”
  • Erico Verissimo: “O Tempo e o Vento”
  • Euclides da Cunha: “Os Sertões”
  • Fernando Gabeira: “O que é Isso, Companheiro?”

Gregório de Matos

Inconstância das coisas do mundo!

Nasce o Sol e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas e alegria.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz falta a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se a tristeza,
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza.
A firmeza somente na inconstância.

MEU DESTINO (Cora Coralina)

Nas palmas de tuas mãos
leio as linhas da minha vida.
Linhas cruzadas, sinuosas,
interferindo no teu destino.
Não te procurei, não me procurastes –
íamos sozinhos por estradas diferentes.
Indiferentes, cruzamos
Passavas com o fardo da vida…
Corri ao teu encontro.
Sorri. Falamos.
Esse dia foi marcado
com a pedra branca
da cabeça de um peixe.
E, desde então, caminhamos
juntos pela vida…

MEU DESTINO (Cora Coralina)

Nas palmas de tuas mãos
leio as linhas da minha vida.
Linhas cruzadas, sinuosas,
interferindo no teu destino.
Não te procurei, não me procurastes –
íamos sozinhos por estradas diferentes.
Indiferentes, cruzamos
Passavas com o fardo da vida…
Corri ao teu encontro.
Sorri. Falamos.
Esse dia foi marcado
com a pedra branca
da cabeça de um peixe.
E, desde então, caminhamos
juntos pela vida…

MEU DESTINO (Cora Coralina)

Nas palmas de tuas mãos
leio as linhas da minha vida.
Linhas cruzadas, sinuosas,
interferindo no teu destino.
Não te procurei, não me procurastes –
íamos sozinhos por estradas diferentes.
Indiferentes, cruzamos
Passavas com o fardo da vida…
Corri ao teu encontro.
Sorri. Falamos.
Esse dia foi marcado
com a pedra branca
da cabeça de um peixe.
E, desde então, caminhamos
juntos pela vida…

Saber viver (Cora Coralina)

Não sei…
se a vida é curta
ou longa demais para nós.
Mas sei que nada do que vivemos
tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que sacia,
amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo:
é o que dá sentido à vida.

É o que faz com que ela
não seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira e pura…
enquanto durar.

A um poeta (Olavo Bilac)

Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha e teima, e lima , e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço: e trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua
Rica mas sóbria, como um templo grego

Não se mostre na fábrica o suplicio
Do mestre. E natural, o efeito agrade
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade

Clube do Gueto